Wednesday, August 30, 2006

Conversa de Café

Lembrei-me que nunca mais falei da Igreja.
Decerto que os meus habituais (sendo eles tantos) leitores me perdoarão tamanha falha, mas como o que é bom, o mau também acaba.
O baptizado. Sabemos bem de que sacramento se trata. Quem frequentou a catequese saberá que, com o Baptizado, se abrem muitas portas: entramos na família de Deus, somos "oficialmente" católicos, podemos casar pela Igreja e, mais importante que estas últimas: somos aceites pela sociedade/comunidade. Posto isto, a questão "para que é que serve" encontra-se ultrapassada.
O busilis (essa bela palavra) reside no aspecto da vontade. Sabendo que o Baptismo não é um negócio jurídico, ou seja, um evento ao qual o Direito associe a extinção, modificação ou criação de situações jurídicas, temos que apurar o papel da voluntas noutro plano: o social. Quão importante é, socialmente, estar ou ser baptizado? Actualmente, a importância está, relativamente ao passado, diminuida, porque a publicidade do acto não é tão evidente e as comunidades alargaram-se, mas o estigma social do não batizado transforma-se em considerações alheias de falta de amor pelo filho, por parte dos progenitores, talvez numa relação satânica establecida entre a familia x e o Satanás mafarrico da Silva, ou mesmo num descuido e vontade rebelde de todo um lar. Atendendo a esta potencial coacção de que possa vir a ser vítima, a familia alia ao comum "laisser passer" tuga a aceitação social. E faz-se o Baptizado.
Por detrás desta simulação, está o negócio dissimulado. (Bem quero fugir ao "examen", mas não consigo). Apuremos a verdade.
Por norma, o baptizado faz-se é ainda o ser humano um puer, desprovido de qualquer mecanismo que lhe permita defender-se de uma ideologia e de uma organização à qual não queria pertencer. Falta a ponderação.
É costume a festa do baptismo ser em grande: beacoup de comezaina, plenty of Boose e Emanuel e Zé Malhoa até cair para o lado. Para quê? Não quero voltar ao "quid" social que uma festa destas tem.Mais ainda: seria demais evidente exaltar a importância de levar com água na cabecinha. Há que ser justo: publicidade há-a com fartura.
Bento foi Baptizado. Bento é atleta. Ao querer entrar para um reputado clube de atletismo, perguntam-lhe se era Baptizado. Ao responder sim, o Secretário responsável pela admissão, liga para a paróquia e , oh que pena, perdeu-se o registo. Resposta: não há cá pão pa malucos, sei lá se foi mesmo baptizado. Não há prova.
Só temos 1 requisito para apurar a validade disto. Não chega. Não se safam com dissimulações.
O baptizado,per se, é um instrumento:
-Dos pais, porque têm de demonstrar qualquer coisa a qualquer pessoa, que acabam por se esquecer do essencial: le jeune, l'enfant.
-Da igreja, que consegue a conversão de uma forma tão simples.

A Primavera Marcelista

Hurray!
Caiu a censura!

Tuesday, August 29, 2006

Caso Mateus: Ultima Hora

Na conferência de imprensa marcada para as 16 horas, do presente dia, António Fiuza, presidente do Gil Vicente declarou que vai desistir do processo porque "O Valentim disse que se a gente não desistisse disto, era capaz de haver outro acordão Bosman, e isso, meus amigos, a gente não quer".
Relembra-se que, esta tarde, numa confrência de imprensa, quando questionado sobre o futuro e rumo do caso que tem dado a volta ao estômago do futebol nacional, o Major referiu que havia duas hipóteses: ou o Clube de Barcelos desistia e ficava tudo igual, ou estariamos perante um novo caso Bosman.


Fontes próximas deste blog indicam que António Fiúza perguntou, na sua consulta semanal, à astróloga Maya o que era o caso Bosman e que esta lhe teria respondido que era qualquer coisa a ver com o Cruzamento de Saturno com uma das luas de Vénus que teria rápidas repercurssões na economia doméstica do Sri Lanka, facto que impediria os nativos de Caranguejo, signo de Fiuza, de conseguirem boas performances sexuais nas casas de "alterne" da zona de Barcelos e arredores.

The Gran Finale

Terminou, nesta madrugada, o programa que entretinha as noites mais irrelevantes, neste periodo de férias.
O nome era (em Inglês) "Of beauty and consolation", e tratava precisamente desses dois tópicos.
A cada programa, Wim Kayzer viajava até ao cantinho de uma proeminente personalidade, fosse do mundo da escrita, da música ou da ciência, para discutir onde estaria ou o que seria o belo e a consolação.
Lamentavelmente, não pude assistir a todos, nem sequer à grande parte, mas os poucos que tive o prazer de contemplar, muito e bem profundo era o objecto de análise que ia surgindo, com o desenrolar da conversa. Por fim, terminou. Terminou de uma maneira interessante: juntaram-se todos os convidados num Museu, o Stedelijk Museum, para uma discussão final.
O diálogo não podia ser mais interessante. Da conversa recordo o silêncio ininterrupto de Coetzee, o "conflito" entre Steiner e Tatjana e as respostas de Germaine Greer, sempre apropriadas.
Acabou o programa, mas, ao bom jeito da filosofia, não se chegou a uma conclusão final.
Ainda bem :)

Monday, August 28, 2006

Verdades

"As mulheres podem tornar-se facilmente amigas de um homem; mas, para manter essa amizade, torna-se indispensável o concurso de uma pequena antipatia física "

Querendo falar de verdade, aqui está ela.
Jaz, perante vós, a única forma de um Homem ser amigo de uma Mulher. Com isto se conclui o seguinte: com segundas intenções, não vamos lá das canetas.



Sunday, August 27, 2006

Marcelismos

Acabo de assistir ás Escolhas do Sr.Professor.
Com um discurso fluido, que se lhe conhece, tenho que confessar que o que disse, talvez num raro momento de inspiração, foi bastante acertado.
Apesar da inclinação pro-Gil Vicente, as repercurssões a niveis internacionais serão obvias, a longo prazo, se se aceitar a pretensão Gilista.
Agora que já o elogiei, vamos ver umas coisas:

- O regulamento que veda o recurso aos tribunais comuns é da FPF e não da liga;
- Onde é que a CRP consagra a irrenunciabilidade de recurso aos tribunais comuns? É que tem razão, quanto aos administrativos, mas aos restantes, sugere-se a leitura do 202º;
- Por fim, mas não menos importante, o Futebol é uma industria muito rentável. Será mesmo um Quarto Poder, na actualidade. O velho discurso da soberania das nações, do fantasma de tudo o que vem da comunidade europeia (do mundo, no caso da FIFA) é mau e ruinzinho e o repetido citar de palavras como soberania e constituição, para assustar o mais desatento, são técnicas anquilosadas, próprias dos dinossauros jurídicos deste país. Quanto se escolhe entrar numa organização, como é a FIFA, não é apenas para se ganhar dimensão, arrecadar receitas e beneficiar de protecção. Também há que se sujeitar ás regras e regulamentos.
Não cumprido este requisito, bye bye futebol tuga lá fora, bye bye selecção.

Saturday, August 26, 2006

O Caso Mateus: Últimas Noticias

Numa reviravolta incrível, José Alberto, proprietário da padaria que fornece os croissants ao Vitória de Guimarães, por requerimento, lembrou à autarquia local que o clube da terra ainda podia ficar na 1ªDivisão, agora bwin liga. O raciocínio tem por base a ideia peregrina do Leixões, só que, claro está, com as devidas alterações.
Trata-se então do seguinte: O Belém desce, porque não marcou golos suficientes para se manter na primeira liga; o Gil desce porque António Fiúza é careca e porque, bem lembrando, violou um regulamento que pune, com descida de divisão, o clube que recorrer a tribunais civis.
Feitas as contas, fica a faltar um elemento para as 16 da bwin liga. Sabendo que o Leixões, assim como o Belem, não marcou golos suficientes para subir, só restava ao Guimarães, tão injustiçado e detentor de uma massa adepta incrível, ficar na Primeira Divisão.

Reacções:

- O Presidente do Penafiel veio afirmar, com base no raciocínio do Sr.José Alberto, que o Penafiel, que tem um passado de ajuda, na fase dos descobrimentos, quando, por amor ao país, disputou o trofeu 1500 d.C com o Terras de Vera Cruz, partida em que se jogava o destino da praia sul-americana onde tinham atracado as naus. Esta "suma" razão histórica serve, segundo o Presidente do clube durense, para manter o Penafiel na primeira liga, e não o Guimarães.

-Já foi enviado, para o além, o pedido de ajuda, por parte da FPF. Deus diz que as leis do céu "também têm prazos" e antes do pentecostes "tá complicado".

Thursday, August 24, 2006

Quer sorte, ahn!

Vejam e comparem os grupos.
As equipas Portuguesas ficam a perder, sobretudo a minha...
Alguém quer ir ver o Bayern?

Wednesday, August 23, 2006

Momentos

Acabo de ver a "promo" que o Rui Costa faz ao cartão do SLB, girando em volta do "pior golo da sua vida".
Senti-me transportado para um mau momento, a nivel futebolístico, também.

Suou o apito final. O fumo entopia-me o nacho e o volume de massa humana estrangulava-me, a ponto de, mesmo estando sentado, me doer todo o corpo. Ao intervalo quem esperava? Ganháva-se, jogava-se muito bem, estava no papo!
Mas não me deixava de sentir estrangulado. "Tás assim?" - perguntou um qualquer lampião - "Vão ganhar!". "Sim, Sim", disse eu.
Estava acompanhado. A companhia sentia-se como eu, pelo que percebi. Sentiu-se sempre da mesma maneira, quando, assim como eu, percebeu que a transmissão não era no ecrã prometido, mas numa TV do tamanho da cabeça dum alfinete, a que se ficou a uma considerável distancia.
Uma Pontada. Duas Pontadas...Pontadas a mais.
Suou o apito final. "Vamos festejar para o Marquês, ah ah ah!!!".
Tinhamos perdido a UEFA em Casa...

Parabéns

Mas atrasados.
Estava a editar umas coisas neste blog, eis senão quando percebo que já passam dois anos, desde o primeiro post, neste blog.
Foram dois anos interessantes.
Começa tudo, findo o 12º ano. As férias trouxeram tempo livre e, com uma epidemia crescente de blogs a emergir, chegou a mim o poder de criação deste negro espaço. Á medida que ia lendo os blogs dos meus amigos, mais propriamente o Monstro Das Bolachas, dei por mim a pensar que, na blogosfera, haveria espaço, tanto para o bom humor, como para a alucinação parola, ambigua e sem sentido. A isso, ocasionalmente, aliar-se-ia, alguma reflexão política e social.Mas Já eram tantos blogs (o Gato Fedorento, o Abrupto para citar alguns) e mantidos por personalidades infinitamente mais poderosas, tanto intelectualmente como socialmente, que o espaço que me podia receber era minusculo.
Não desisti, todavia.
Percebendo como se começava, devo ter começado a noite a ver um filme, ao que se seguiu uma vinda ao computador com o propósito de lançar a primeira posta.
Assim o fiz.
Atendendo à hora e ao periodo do dia em que tencionava escrever, surgiu o nome do espaço. Quanto à alcunha do autor, surgiu a primeira duvida: qual seria? O Primeiro foi Matutino. Dava um ar Serrano, jornalistico e fácil de captar. Mas naaaa. Acabei por mudar para este, muito pela sonoridade.
Até hoje assim. Algumas (poucas) visitas, alguns (muito poucos) comentários, mas de um nivel trascendente e de uma qualidade inegável. Cá me mantenho. Mantenham-se vocês também.

A minha assinatura

Лев Давидович

Onde virem esta assinatura, a carne é de qualidade :D

Tuesday, August 22, 2006

Capas

A imprensa nacional tem vários defeitos. Isto diz-se da dita "normal". A situação piora, quase dramaticamente, quando lemos a imprensa já "secundária": revistas cor-de-rosa e desportivos.
Aqui lê-se algo incrivel.
Acho piada ao que aconteceria ao clube em causa se empatasse em casa, para a liga dos campeões. Melhor, vamos supor que era para a Taça UEFA. Com um título assim, era de supor que se resolvia tudo em San Ciro, não?

O Sonho Europeu

Não se trata de um dissertação acerca dos prós e contras de uma Europa forte. Muito menos se pretende mostrar que a Constituição Europeia é um futuro quase palpável.
O Sonho Europeu reside nos que, fora da Europa, tentam progredir na sua condição de vida. Reside em seres humanos, como o autor ou leitor, que tentam dar significado à expressão "dignidade da pessoa humana", já tão irritantemente repetida, desvalorizada, pisada e humilhada.
Numa época em que voltam à berlinda temas quentes da cena internacional, temas que se podem traduzir, em última análise, na colisão esquerda/direita, nomeadamente se se pretender associar Kim Jong Il ao moderno Estalinismo, ou relacionar a crise dinástica Cubana à tradicional falta de abertura dos partidos de extrema esquerda, sabemos que, por outro lado, o liberalismo selvagem americano, acompanhado de devido acervo expansionista, são temas que nos fazem lembrar os ensinamentos do ensino secundário. Ainda para mais com o "nascimento" dos Chaves e Ahmadinejad.
Se procurarmos, como na blogosfera se tem visto, distinguir a Direita da Esquerda, começa aqui, senão a principal, uma das principais questões que tem de dividir aqueles que acreditam na expressão que usei, dos outros: a emigração.
Aqui, perdoem-me a parcialidade, seria muito, alias, cem vezes mais fácil defender o fecho total e efectivo das fronteiras. Mandar o célebre bitaite do "fora com eles", ou mesmo "portugal aos portugueses" seria aquela roda dentada que faltava para por a funcionar uma engrenagem de estupidificação geral e de conseguir chocar, ou como gostam de referir, ser irreverente. Pela parte deste que vos endereça estas palavras, a questão é uma e só uma: merece morrer no caminho, alguém que quer subir na vida? O problema é demasiado actual: a nivel de habitantes da África sub-saariana, há uma porção elevada de pessoas a tentar chegar à Europa. É diário o flagelo a que assistimos, nos telejornais. Mortes, feridas físicas e psicológicas e o fracasso total. São pessoas, pessoas que vivem milhares de quilometros abaixo do limiar de pobreza. Pessoas que não têm nada. Pessoas, pessoas!
Quando se houve alguém a defender o fim da abertura das fronteiras, deve apostar-se bem que estamos a falar com um dador de coração, ainda vivo. Pode crer-se que há ali alguém que defende, com unhas e dentes, a não progressão social, o fim da subida de classes. Haverá, como sempre houve, a hipocrisia de dizer que não é o mesmo, mas é. A tentativa de emigrar é algo tão válido e real como o esforço pela promoção na empresa ou no emprego. E, como em ambas as situações, quem está por cima ( na situação de emigração será o natural daquele país e na empresa será o patrão) olhará sempre de esguelha para quem vem abaixo. Cumpre perceber o que andamos a fazer no mundo.Chega uma altura em que, se se defende efectivamente o que se pensa, tem de ser agir, pugnar pela dignidade de quem, como todos, tem direito a uma decente qualidade de vida.
Não é de esperar algum tipo de compaixão por parte dos outros. Não é, porque nunca foi. Cumpre, primeiro que avaliar qualquer impacto, quaisquer consequencias, perceber que, acima de tudo, até da suposta divindade, está a vida humana.

Monday, August 21, 2006

Momentos

Pergunto-me se sou suspeito de alguma coisa.
Seja ela o que for.
Sou ou não? Esclareçam-me. Já me faziam esse favor. Tenham a vergonha de perguntar directamente. Tenham a coragem de perguntar se sou autor seja do que for. Se fui autor de alguma blasfémia. A sério.
Deixo o apelo. Apelo fortemente à sinceridade. Que não se projectem em mim angustias orfãs de esperança.
E já agora, perguntem antes de atacarem.

Thursday, August 17, 2006

Uma Noites Destas

Uma noite destas sonhei com Ela. Já não sonhava assim há uns belos tempos.
Caramba...estava na mesma. Aqueles cabelos a lembrar a negritude de um tição...aquela silhueta tão perfeita...aquele olhar terno...mas sobretudo a voz que vivia no meu ouvido, qual canto da sereia.
O sonho era bizarro. Em vez das normais "lides" em que me habituei a vê-La, era um infantário que a fazia levantar-se, de manhã, e ganhar o salário. Como em qualquer sonho, a situação é sempre algo esquisita. Quis o subconsciente que a fosse visitar.
Começou tudo quando me preparava para entrar. A porta ficava entre dois pilares de tijolos vermelhos. À medida que me ia aproximando mais viva estava a voz d'Ela, quanto mais próximo ficava do puxador, mais o seu perfume se entranhava em mim. Até que entrei. A imagem que surge, mal rodo a porta é a de um corredor que termina com uma escadaria que sobe, para um andar pouco mais acima. Lá estava Ela, criança no colo, camisa azul, calças de ganga. Á medida que a punha a dormir a infante , fintava eu uma imagem digna de registo ad aeternum... Enquanto a embalava, olhava para mim, sorriso cumplice. Correspondida era.
Fui-me aproximando. Mas, nesta altura, percebi que a minha posição, enquanto sonhador, no sonho, era de observador. Era como se estivesse por detras daqueles vidros que a policia usa para identificar criminosos, com depoimentos da testemunha. De participante, passo para observador.
O que vi foi interessante. O diálogo era próprio de um casal. O assunto giraria acerca de horários, jantares, almoços, cenas da vida quotidiana. Mas ternura residia em ambos os olhares.
Findo o diálogo, volto a mim, de novo participante. Sem trocar um beijo, sequer, despeço-me dela.
Até que acordei.

Pelos vistos, há um 4º

Chegou-me agora esta informação de última hora: O autor deste blog é mesquinho, infantil e igual a qualquer individuo.
O autor das delcarações sabe quem é.
Ficamos à espera de mais acervos de sinceridade similares a tiros no pé, deste género.
As noticas voltam quando me apetecer. Boa Noite

3 Cafés

Comprei um lote, numa loja de Café, que trás escrito no rótulo: 100% Colombia.
O Café é do melhor. Tão bom, que já foram 3 hoje, sendo que o último foi consumido há 30 min, vá lá, meia hora.
Como conquistei a espertina, tenho mesmo que postar uma terceira vez. Sinto que consigo, sei que pode sair qualquer coisa. Convicto que vai dar, eis uma estória:

Certo jovem, aprendiz de feiticeiro, quis um dia sair à rua para mostrar aos "comuns mortais" o que tinha aprendido.
Pôs-se em praça pública. A praça tinha forma arredondada, era cercada de pequenas casas, umas quantas tabernas, onde os "frequentadores", cá fora, ao anuncio do jovem, ansiavam pela razão que os tinha tirado dos bancos corridos e da bela caneca, loira por dentro.
Aos olhos da pequena multidão que o olhava, o aprendiz proferiu as seguintes palavras: "o magister, de beata vita disputant ciuis! Vide, vide! Sed vita iniusta est! Necandam esse vita!"
Dito isto caiu para o lado.
Um aldeão, que por ali passou, viu aquilo e perguntou, a uma peixeira, o que se tinha passado.
"Esse bandido! A Insultar as beatas! Que coisa. Foi Deus!"
O aldeão, achando estranho, decidiu perguntar ao taberneiro, para ver se coincidia:"Pobre coitado"- Disse ele -"Falou Francês. Eu lá arranho qualquer coisa e acho que ele disse que mais valia um pássaro na mão, que dois a voar".
O aldeão não ficou satisfeito. Então o rapaz tinha caido porquê? Pelo andar da carruagem, decidiu ir à raiz da crise e apostar no depoimento do Feiticeiro. Para a sua velha casa de dirigiu, à porta bateu e o feiticeiro o atendeu. Intrigado e insatisfeito, pela terceira vez perguntou o que se tinha passado. O Feiticeiro respondeu. "Há semanas que andava a lavar escadas. Por vezes ficava a observar-me, noite dentro, enquanto preparava as poções. Achava-o cru, achava-o imaturo. Hoje de manhã disse-lhe que só começava a aprender quando soubesse quem foi Cicero. De manhã, dei com ele pesquisar na biblioteca. Pela hora de almoço, já sabia. Então ensinei-lhe o básico: o valor da vida é inviolável. De seguida, disse-lhe que nunca seria um bom feiticeiro, porque não me questionou."
O aldeão, impressionado, interrogou: "Não o questionou acerca do quê?"
Resposta:"Não me perguntou porque é que a vida era inviolável"
A razão era absurda. Se ele não perguntou, era porque sabia. Prosseguiu o mago:"Ele ficou desmoralizado. Mandei-o proferir estas palavras, no meio da rua, vêm no grimorium. Ele não as conhecia, mas obedeceu cegamente. de facto, poderosas são."
Ao saber que palavras eram, o aldeão saiu, e jurou jamais se esquecer do episódio.
O castigo foi cruel para quem pensava que conhecia cicero e obedeceu cegamente.

Marcelos

Hoje, é dia de Marcelo Caetano. Recorda-se o seu aniversário.
Nem a propósito, a RTP tem programado, para hoje, em primeiro lugar, uma entrevista conduzida por Judite de Sousa à filha do ex-Presidente do Conselho. Mais tarde, exibe-se um documentário (penso que seja isso) com depoimentos e factos relevantes da vida do académico.
A sociedade está aberta e mais tolerante, tudo bem.
Só pergunto como seria (ou se seria possível isto) se esta noite "Caetana" fosse exibida num pós-25 de abril.

Jogo do Empurra

Em finais de Julho e Princípios de Agosto, começa a cheirar a queimado. Vem aquele fumo no ar, aquele cheiro desagradável e o verde transforma-se em preto. Como se de caça se tratasse, declara-se a época de incêndios.
Os números, esses, não mentem. O Governo gastou a bem gastar (ou será mais correcto afirmar que investiu?) em meios de combater os fogos.
Já as pessoas são muito falíveis. É uma coincidência fantástica que observamos no momento em que começa a arder qualquer pedaço de natureza e se houvem os primeiros latidos de tudo o que for ser que esteja envolvido, na mínima porção que seja, no assunto "incêndios". Arde-Falam, Falam-Arde, é assim.
Não que falar seja criminoso ou censurável. O diálogo só pode trazaer benefícios. A questão é que não se dialoga. O que vemos é um exercicio verborraico/belicista entre várias partes: Governo e Oposição. Mas quando digo Governo e Oposição não falo em forças parlamentares, falo, sim, naquilo em que Direito Administrativo se chama uma delegação tácita de poderes, no caso, poder de denegrir e confrontar quem seja contrário à ideologia. Posto isto, não raro vemos comandantes de bombeiros a falarem em "matas do estado" que estão piores que as outras e que "o Estado" não trata delas, "o Estado" falha, entre outras pontos de interesse, convenientementes ignorados. Já a equipa do País, o " Estado", contra-ataca com números e estatísticas e estudos, tudo para mostrar a moral da história: também as matas "privadas" estão deficientemente limpas e tratadas. Com isto empata-se, perde-se tempo e depois o tuga médio, como esta alma lusa que vos endereça esta palavras, ouve no rádio: ardeu menos área que no ano passado.
Eu penso: então se ardeu quase tudo, o ano transacto, só falta o quase, e esse será sempre menos que tudo.

Wednesday, August 16, 2006

Verdadeiramente

É um advérbio.
No caso, exprime coisa nenhuma, porque um advérbio auxilia um verbo.
Dar-lhe-ei um uso:
-Estão verdadeiramente ultrapassados os lugares comuns;
-É verdadeiramente revoltante um dia assim;
-Queria verdadeiramente que alguém começasse a trabalhar a sério para ver se nos livrava de certas postas de pescada mal-cheirosa;
-Sou verdadeiramente genuino quando afirmo que é possível combater 3/4 de um território em que se aproveita 1/4 por motivos de amizade.


Se houver algum exegeta a ler isto, queria entrar em contacto comigo.

Foi você que escreveu isto?

"Tava tudo no melhor. Se há masoquismo melhor que o masoquismo mental, haja alguém que o diga! Nada melhor que espezinhar, ser espezinhado, comer e ser comido. É do melhor. Nada como instrumentos como a ironia, a sapiência...A dor até apetece! Mas caramba...ignorância confundir-se com falta discernimento para perceber o que é bom e o que não é nada já não é aquela base, já não é a chicotada saborosa de vozes aos berros, ladrando uma resposta que deixa um rasto viscoso. Que raio de "coisa" esta, nem digna de um molusco, capaz de me pôr a rir. Dá ganda moca meu."
Centro de imputação de normas jurídicas. É desta pessoa que falamos, porque das outras ou do outro, carecemos todos da mesma autoridade, a menos que, e admito que haja, um luz celestina venha amarelar um espaço que se quer pretencioso e seja conferido um poder de omnia scientia. Pode ser o caso.
Vá, eu até gosto de ler barbaridades e gosto do non-sense dos Monty, dos Gatos ou do Benny. Só que, a menos que eu esteja esquecido, nenhum deles larga gosma.

O que este autor vos quer dizer é apenas o seguinte: ponham-se no vosso lugar, porque o egocentrismo torna-se perigoso nas mãos erradas.

Tuesday, August 15, 2006

A Teoria Geral Da Chantagem

A primeira lição na chantagem é a seguinte: Só há lugar à chantagem havendo multiplas partes. Nunca será possível haver chantagem ao próprio. Américo nunca ameça Américo para ir comer sopa senão Américo fica doente, vem o Papão e come-o.
A Segunda Lição é a seguinte: Só há lugar à chantagem quando uma parte detém uma posição de superioridade relativamente a outra parte. Estamos a falar de poder, bens de toda a espécie e feitio.
A Terceira lição é a seguinte: A chantagem é um exercício iligítimo de equilibrar posições e produzir cedências, atendendo a meios não permitidos.

Tendo em conta o que acabo de escrever, vejam-se algumas interrogações, atente-se a alguns problemas quotidianos:

- Américo ama Benedita. Benedita não ama Américo. Benedita tem um piriquito que gosta muito. Américo rouba-o, e diz que o devolve se ela lhe ter um beijo. Ela dá. Ele devolve. Houve chantagem. Interrogações: E se ela não desse, e ele lhe devolvesse o piriquito, haveria chantagem? Sim; Se ela lhe desse o beijo, mas ele não lhe desse o piriquito...haveria.
Este era fácil

-Américo ama Benedita. Benedita ama Américo. Américo convida-a para jantar, Benedita aceita, saiem, vão ao restaurante, escolhem, António paga e, já no final de noite, à porta de casa dela, segue-se um diálogo: "Bem Américo, foi uma bela noite, a pescada cozida estava mesmo á maneira. Preciso que me ajudes, amanhã, a reparar a minha televisão". Resposta: "Vou, mas só se jogares uma cartada de strip poquer. Mas tá descansada, se perder, também tiro a roupa". Benedita afirma: "Malandro! O meu pai vai dar-te noticias minhas".
Há chantagem? Vamos por partes: a primeira lição aplica-se: há multiplas partes. E quanto às outras? Vejamos a segunda lição: há alguma parte superior à outra? Não! O amor equipara-as, e se quisermos pensar que ela precisa da ajuda dele para reparar a tv, vejam isto: se o pai está disposto a dar uma carga de porrada no Américo, não é pessoa para arranjar a tv? É. Não se aplica a segunda lição. E a terceira? Qual é o exercício ilegítimo? Um convite ordinário? Não, nem será atentado ao pudor, e mesmo que haja esse receio, ela nunca menciona polícia. Pretende-se produzir um cedência? Não, porque, quando há amor, o que Américo pretende, obterá em breve. O meios são muito obvios e mesmo tradicionais.
Não há chantagem.

Leitores, pensem no seguinte: Quando dois querem o mesmo, não obstante episódios rocambulescos, o que quer que se diga, o que quer que se faça são tudo palhinhas numa explanada de verão: é para deitar fora, porque já foram usadas.

Monday, August 14, 2006

Blog

Web+Log=Blog

Andam uns interessantes por aí.
Creio que já tive a minha fase. Estou no Outono da Blogosfera, enquanto outros entram na Primavera.
Só acho que a pretensão podia ser bem menor. Podiam ser menos arrogantes, mais humildes e perceber que agora começa tudo, todo um processo de mais e melhor aprendizagem.

É que chocar é sempre fácil.
Basta dizer cocó ou chichi.
Basta dizer que se é Nazi e os pretos podiam morrer todos.
Bastaria dizer que a paneleiràgem devia ser toda enrabada.

Será mais dificil escrever alguma coisa que preste e sirva para algo.

Espero que se evolua. Nunca gostei de refluxos.

Qual o Sentido da Vida?

Mergulhando numa bela pergunta, à qual não se sabe a resposta, escrevo. E faço-o por vários motivos:
-Á cabeça, a impossibilidade de se alcançar uma hipótese, sequer, de resposta.
-Vim do Interior, cheguei de viagem.
-Navego na Net.

São três motivozinhos. Todavia, veremos o que se pode arranjar.

A própria expressão sentido da vida é ambigua á nascença. "Sentido" é uma palavra polissémica: tanto significa direcção como significado. Se seguirmos o caminho anglo-saxónico de tradução, é certo que queremos não a direcção da vida, mas o significado da vida. Traduz-se Meaning of Life por sentido da vida, significado da vida, per se.
Mas se é tão linear, porquê adoptar "sentido" em vez de "significado"? Confunde-se? Funde-se?
O que é, então, o significado da vida? Será o seu valor? A sua valia em termos comparativos, talvez, com o dinheiro, outros bens monetários talvez? Por esta ordem de ideias, é possível afirmar que a vida vale x Euros, ou x terrenos em Acapulco. A vida significa algo? Ou seja, tem equivalência? Posso incorrer num erro se só establecer comparação com bens e dinheiro, porque está claro que a posso comparar a sentimentos do seu portador, no caso, o ser-humano. Por exemplo, vida pode ser felicidade. Vida pode ser odio, ou simplicidade, ou verdade, ou mentira, ou seja o que for. Mas um animal também é portador de vida...tem sentimentos? Tem. Vale mais a vida dele? Tem mais significado? Torna-se um tema escorregadio. Porque há preço para o quilo de carne bovina, suina, há equivalência para o metro de pele de marta, ou tigre, por exemplo.
Enveredar por este caminho significa que a vida é um simbolo, pela velha Grécia entendido. Simbolo pressupõe duas metades. Aqui, também as há.
Ou seja, a expressão não pode ser "significado" da vida. Mas pode ser "sentido"?
Pode.
Fala-se de sentido no pressuposto de direcção. Há um dado incontornável: quem é portador de vida está sujeito a perdê-la, e isto é certo. Posto isto, a vida corre, como um rio, para o mar. No caso, a partir do momento em que se nasce, há uma sujeição às adversidades que possam causar a morte. Cabe ao portador de vida establecer laços e enriquecer os momentos que passa vivo. Cabe lutar pela sobrevivência, sua e dos seus, criar meios de subsitência, relacionar-se, e perceber aquilo que lhe compete fazer. Como ninguém é igual, cabe compreender as diferenças, apurar as dotações e criar as condições necessárias à especialização, para que se ache o lugar na sociedade. O fim último será sempre a criação de melhores condições para a descendência, sejam essas condições do mais variado tipo.
O Sentido da Vida só pode ser um: Vivê-la. A vida tem um direcção, que é o seu fim.
Não significa isto que se entre numa onda de laissez-passer. Cumpre à Pessoa ser feliz e fazer os outros felizes. Cumpre-lhe assegurar que outros terão as mesmas, ou melhores oportunidades que teve.
Cumpre-lhe agir, e não perder tempo a escrever em blogues sobre algo que não faz ideia, sequer.

Tuesday, August 08, 2006

O Operário

Jaz na cama, post diem
Aquele operário cansado...
Dez horas que pareciam mil,
Trabalho nada infantil
Mas agora ali jaz...

O advento nada mudou,
O tempo para ele parou.
Vida aquela que o atormenta
A ele, que a familia alimenta
A ele que sustenta
a Bruta carga da exploração

Oh, quisera ele que fosse diferente...
Mas como? Mas Como? Como?
O pai ensinou-lhe a profissão,
A mãe vivia para o caldeirão.
Nele reside a semente,
A semente da esperança
A esperança crónica que o faz dizer: "Não me conformo!"

Mas ele não passa de carne para canhão.
Ele é um joguete, um bobo,
Nas mãos do patronato escroto!

Ele é merda sem cheiro!
Cadela sem cio,
Criança sem recreio!

Ele é só um operário
Ensinado pelo pai,
Explorado pelo patrão
Esquecido pelo mundo...

Wednesday, August 02, 2006

Momentos Floribella

A Sic ganhou a aposta em Floribella . Todavia o flagelo continua.
Tivemos, no princípio da semana, noticas que davam conta do aliciamento e recrutamento de jovens estudantes, nas escolas básicas e secundárias, por parte dos Nacionalistas. Preocupante, disso nao haja dúvida. Mas não nos ficamos por aqui.
Acabo de ouvir o super-exito da Floribella: Pobres dos Ricos. Se tivesse que falar de problemas mundiais, entre a guerra na palestina e a fome em áfrica, metia uma bucha e ainda citava as musicas da Flor. Vejam este poder: Pela primeira vez fechou-se um fnac, porque a adesão era maciça. O FF está em segundo lugar do Top e foi destronado pela...Flor. Como??? Um jovem da margem sul tão talentoso, carismático e popular...destronado? Para completar o ramalhete, este vosso agente da liberdade condicional escutou os profanos versos da música de que se falou.
Já não bastava a tacanhez tuga típica, lá tinha de vir a apologia á miséria. Pobres dos Ricos, para que é que serve tanto dinheiro...não têm sonhos...não têm amigos...
O leitor sabe que isto são tudo baboseiras. Estou certo que muitos dos que aqui passam davam a alma ao dito cujo por uma vida abastada. O que indigna...é o público alvo! Crianças! Atacaram as nossas crianças! Estamos a criar pobres felizes, pobre acomodados...quem sabe se não estaremos a criar comunas!
Que revolta, minha nossa sinhora!
Falta um Salazar em cada esquina, cada viela, cada centro comercial e em cada casa de putas, para ver se isto vai ao sitio.
Pobres dos Ricos??? Blahhhhhhh!!!!!!!!
Gente sem Amor à Sanidade Mental