Thursday, April 20, 2006

Momentos

Assisto, neste momento, ao "Debate" da nação.
Apraz-me um termo: Incrível. É incrível a volta que se dá à conversa, incrível a falácia das faltas e incrível o que se faz para mudar toda a opinião instalada, do povo português.
Na hora do voto, só se pede que se recordem estes pequenos momentos, estas "quartas á tarde".

Interrogações

Baseando-me numas palavras, ontem proferidas, em que se disse que Ernesto "Che" Guevara foi um assassino sanguinário, que liderou campos de concentração, matou milhares, e onde se interrogou a "necessidade" de se fazer um filme biográfico, baseado na vida do Argentino, passo a perguntar:
-Sentir-se-iam indignados aqueles que assistissem à morte de inimigos capazes de lhes ter tirado a liberdade, a honra, ou aqueles que mais amaram?
-Será que, ainda que sendo um guerrilheiro assumido, justifica-se a crença que o desprezo é a arma mais capaz de derrubar uma figura que detém crédito em muitos locais da terra?
-Por fim, digam-me o seguinte:O que é uma revolução?

Sei que a vida humana é inviolável, sei que há coisas que não devem ser permitidas, mas a questão é esta: são comparáveis Hitler e Che Guevara, havendo apenas um denominador comum, que foi o assassínio? São comparáveis Che Guevara e Estaline, que só partilhavam uma ideologia que, em teoria, é perfeita? Será que Che Guevara e Fidel Castro, num hipotético julgamento, teriam a mesma pena?

Não quero defender a figura do Che Guevara, quero é perguntar tudo isto. Quero (mesmo muito) saber se as mais recentes críticas a Soderberg, por querer fazer este filme, se justificam.
Há, claramente, um desnível: numa altura em que a Direita começa a dar lugar a governos de esquerda, estes comentários multiplicam-se.
Digo que já era altura de nascer, como qual cogumelo, alguma razão nas mentes do "contra".

Wednesday, April 12, 2006

Quando a Direita é Sinistra

A questão Italiana é curiosa.
Como latinos que somos, e sabendo a história dos prévios governos Italianos, não se torna dificil assistir a esta guerrilha política. Estranho seria se isto se passasse em Inglaterra, ou em algum país Nórdico.
Todavia, há um aspectozinho, mesmo muito pequenininho, minorquinha mesmo que me compele a expressar, neste espaço, um nojo peculiar.
Haveria este escarceu todo se fosse o Silvio a ganhar? Se Prodi fosse o derrotado, pediria ele a recontagem dos votos? Tornar-se-ia ele um "agarrado ao poder"?
Não, como é supra de obvio.
Só há uma coisa certa, neste momento eleitoral italiano: a peninsula está partida ao meio e qualquer vitória terá de ser rés-vés campo de ourique.
Notoriamente, depois de uma campanha miserável, deselegante, reles mesmo, na hora da verdade soube-se qual dos dois candidatos era o pior.
Nem quero pensar do que seria de Berlusconi sem as suas tv's, e todo o poder mediatico de que dispõe.
O acontecimento só nos trás a seguinte conclusão: a esquerda cresce e faz tremer a Direita corporativista instalada. França, Portugal, Itália, Espanha, Inglaterra (esta mantendo o P.T, evitando-se a subida dos conservadores) são apenas alguns casos. A Direita está, aos poucos, a ser derrubada, cai e cai. Porquê?
Porque quem desempenha socialmente bem as suas funções não merece castigo.
Lamentavelmente, só nos EUA se verifica o status quo. Mas, vendo bem, que hipotese há, para mudança? Republicanos e Liberais...? Direita e Extrema...

Monday, April 10, 2006

Teria Fukuyama razão?

Para alguns anacrónicos, parecidos comigo, deve sentir-se a falta daquelas figuras históricas que marcaram a humanidade com acções inesquecíveis.
Folheava, há pouco, um documento de 1844, escrito por duas pessoas, já desaparecidas, e lembrei-me que já vai para algum tempo que há uma ausência gritante de personalidades carismáticas. Houve uma quebra a nível da filosofia mundial, no pensamento político mundial. Houve quase como uma ruptura de stock.
O interessante é verificar o que se passa quotidianamente. De figuras singulares, atingiu-se um estado em que o povo, só por si, consegue movimentar-se e atingir os objectivos a que se propõe.
Outrora, seria necessária a leitura dum Marx, dum Lenine para se sentir o espírito revolucionário. Hoje, com as garantias constitucionais atingidas, o ataque á esfera privada é motivo de revolta e protesto. E é legítimo esse protesto.
O que se passa é o seguinte: o autor que o título fala precognizou (acho que já falei disto atrás, noutro post) um fim das lutas ideológicas, pelo que o liberalismo terá ganho, incondicionalmente.
Hoje, quando me veio esse pensamento à cabeça, percebi que o americano se enganou.
Que viva está a ideologia. O Mundo prova o que digo.
França está à cabeça. Houve recuo, houve respeito pela opinião popular.
Iraque: a vergonha americana não passa indiferente. Todo o Mundo se manifestou, no mesmo dia. Percebeu-se, nesse dia, que a Mundialização, afinal, tem alguns prós.
Este fenómeno está a tornar-se uma ferramenta utilíssima aos habitantes do globo: se é certo que o imperialismo económico dos poderosos se difunde, não menos disperça é a força dum pensamento de liberdade, de respeito pela dignidade humana e felicidade geral.
O Combate ideológico não morre.
Lamentavelmente, tanto para o bem, como para o mal. Racismo, Nacionalismo cego, nazismo, fascismo, não deixam de ser ideologias...e que vivas estão.
O debate não morreu...está é melhor que nunca.

Thursday, April 06, 2006

Pensamentos Correntes

Já alguém ouviu, na Sic, a música que a dita estação "arranjou" para publicitar as transmições do Mundial?
Haja pena, nunca vi nada tão destestável.
É afogar um gato em magma e ver o som que faz...por ventura, o gato será mais agradável.

Wednesday, April 05, 2006

Esquemas

Nunca passa de moda a questão do aborto. Isso é mais que certo.
Todavia, a questão, que supra citei, merece uma atenção específica. Refiro-me ao aspecto civil do problema.
Aos que possuirem um código civil, pedia a gentileza de abrirem na I Parte, artº66. referente à personalidade jurídica. Devo confessar e referir que, aos críticos da redacção do dito disposto, é uma escrita que me agrada pela sua taxatividade e certeza. Fora o aspecto pessoal, e centrando-me no que quero transmitir, eis o seguinte: imagine-se que Almedina, grávida, molestada por Branco vê o filho, Clementino, sofrer danos irreversíveis, quando nasce. Pode Almedina reagir pelo filho, ou seja, pode pedir uma indemnização pelos danos causados?
Admita-se que pode. Será, talvez, a solução mais adequada. Parta-se do princípio que o artº66 é um condição suspensiva, que vai fazer retroagir os efeitos do dano, pelo que será possível haver indemnização. Consideramos, claro está, que foi violado o bem integridade física.
O que proponho, agora, é outro exercício.
Imagine-se que, Almedina, atacada por Branco, perde o filho, Clementino. Quid Juris?
Se seguirmos a via alfacinha, tomamos como certo o seguinte: é violado o bem vida, obviamente, o bem central. Daqui, pode Almedina pedir indemnização por Clementino, visto este não ter capacidade jurídica, ao abrigo do artº123, todavia, não se verificando a condição,entendendo-se, porém, que a condição resolve, ainda assim.. Feito isto, e ganhando, Almedina recebe, por via sucessória, o dinheiro da indemnização.
Serei apenas eu a ver, nisto, um escândalo???
O que é que custa a uma mulher enriquecer via abortos provocados?
Veja-se tão e somente isto (título exemplificativo): Ancara, certa mulher, engravida de Bento. Recorre a um médico, especialista em abortos, pratica o acto, finge ter sido agredida por Bento, acusando-o de ter tirado a vida ao feto. Ora, recorrendo à interpretação que se usou, do artº 66, ou seja,extender o dito de tal forma a que o nascituro tenha Direito à vida, direito imanente, não relacionado com personalidade jurídica, mas não tenha obrigações, esquemas como estes podem acontecer. Isto originará um paradoxo: a vida, valor que se quis tanto defender, acaba manchada, como elemento ganha-pão de um qualquer vigarista.
Bento teria de pagar uma indemnização que seria de Ancara, por via sucessória. Ora, um ser que ainda não sabe sequer o que é um testamento já seria motivo para desencadear um negócio mortis causa.
Um ser que não sabe escrever (nem teve oportunidade de aprender) já tem testamento.

Tuesday, April 04, 2006

Firmas

Henrique, depois de sair de casa, achou por bem constituir família, de preferência longe das origens.
Assim o fez.
Todavia, não se alimenta uma familia sem que haja trabalho. O tráfico era rentável, mas a confusão com a bófia não ajudava. O Zé Ernesto e a Claudia Solange precisavam de um pai, que seria bem melhor longe da choça.
Afastada a hipótese, meteu-se no negócio do cimento. As reminiscências da heroina que vendera na margem sul, traziam a palavra "pedra" á memória. Como pedreiras davam pouco, enveredou pela nobre carreira de cimenteiro, cimentando a posição na sociedade, sedimentando hierarquias.
20 anos passaram, Henrique "encheu-se"...e de que maneira.
Hoje Henrique criou a a sua própria firma:

"HENRIQUE CIMENTO S.A"

(o S.A significa que foi constituida por acções, actualmente cotadas na bolsa Os accionistas são espanhois e alemães: "Paco Nassa Cª" e "Adolf Hanicos Cta")


Desculpem lá

Sunday, April 02, 2006

A Lei Fundamental Trintona

No dia em que escrevo este post, comemoram-se os 30 anos da Constituição da República Portuguesa, "abreviada" como CRP.
Recordar a data trás à memória o antes e o depois do regime em vivemos.
Naturalmente, não me posso lembrar do antes, visto não ser eu, sequer, pensado. Todavia, não é errado dizer que estamos melhor agora. Não será necessário ter vivido a época para saber o que ela foi. Para saber também se estuda.
Hoje, com uma Lei Fundamental que contem todo um pacote de Direitos Fundamentais, que pedem meças a paises desenvolvidos, o país respira num clima de liberdade. O povo aproximou-se do poder político, tem, em si mesmo, mais capacidade de decisão.
Mas a CRP não aumentou, somente, o poder dos cidadãos: ensinou-os a pensar.
Foi Paulo Portas que disse que a Constituição actual serviu para atrasar o país. A Direita em geral bem gostaria de a ver extinta.
Aqui há uma notória vitória do bom senso.
Já na data em que foi elaborada, os extremos políticos do país pugnavam por projectos demagógicos, irreais e absurdos. Se falei na Direita, na origem do documento foi inadequada a posição da esquerda marxista.
Ao fim de 7 revisões, expressões como "transição para o socialismo", ou orgãos como o Conselho de Estado tiveram o merecido fim.
Hodiernamente, não se terá atingido a perfeição, mas sem dúvida que se evoluiu.
Figuras como Jorge Miranda, Vital Moreira, ou mesmo Marcelo Rebelo de Sousa estão de parabéns. É, no fundo, como assistir ao aniversário de uma filha. E que filha.
Gente sem Amor à Sanidade Mental