Friday, March 31, 2006

Terrorismo

Será ele aceitável, em circunstância alguma? Haverá uma "boa" utilidade para a violência, a morte e o medo?
Certamente, o primeiro instinto será a negação, como é básico no ser-humano. Como pode ser, pensamos nós? Há sempre uma via dialogante, uma via democrática, um caminho pacífico. Claro que é a melhor via (para alguns será mesmo a única).
Mas e se o terrorismo serve uma causa nobre? Mas o que é uma causa nobre?
Quem se diz pragmático tem de aceitar a via do possível, ou seja, tem de aceitar que nenhum meio é suficiente quando se quer atingir um fim. Tudo e todos têm de ser colocados à disposição do bem-comum, da humanidade e bem-geral.
Claro está, que sendo extremista, terei de reconhecer também limites. Tudo e todos os têm. Nunca se justificará o martírio, o suicídio, bem como nenhuma prática kamikaze, por mais exótica que ela pareça.
O conceito-base é outro: Não será demais exigir de nós o máximo, exigir do outros o que tiverem para dar, e pedir sempre o que nos puderem oferecer.
A moda é a crítica aos EUA. "Assassinos, invadiram o Iraque!" ou então "Porcos Capitalistas". É sempre curioso ver que esse tipo de manifestações acaba sempre com atentados a restaurantes McDonald's, ou em confrontos com as forças da autoridade.
A pergunta é sempre a mesma: justifica-se?
Quando é que passa a ser lícito roubar vidas em prol da causa?
Quando é que a dignidade humana perde para o bem-geral?
Há um "Quando"? Não será antes um "Se"?
Até quando a cedência?

Wednesday, March 29, 2006

Democracia

Aos fanáticos das linguas clássicas, também ditas mortas, sabem eles que a palavra que encabeça o blog se devide. Demos, que são os cidadãos, e Cratos, que é Poder. Somadinho, dá o Poder nos Cidadãos.
Ao longo dos séculos, tentou, todavia sem sucesso, a ciência política arranjar ou criar uma alternativa. Teriamos a ditadura (havendo várias espécies dela), a Monarquia, a oligarquia, entre vários. A Humanidade pugnou por algo que alegrasse a uma maioria. Sem que a maioria seja critério de verdade, ela é sem dúvida critério de decisão. Felizmente, digo eu.
Hoje, multipicam-se fenómenos anti-democráticos.
Governos em Àfrica caiem, todos os dias. Na América Latina, não se pode falar. Cuba é uma vergonha. Nem me façam falar na Madeira.
Mas há algo que me compele a escrever hoje: Será legitimo exigir a demissão de quem quer que seja, escolhido que foi pela legitimidade democrática, por mau cumprimento das suas funções? Será legitimo exigir a saida de alguém que, ainda que talentoso, queiramos que saia?
Certamente não.
A ciência política de mercearia, de café ou de esplanada deve entreter-se a conjecturar quedas.
Pergunto eu: Será justo?

Friday, March 24, 2006

A Tradição Coimbrã

Finalmente, no nosso rectângulo, á beira-mar plantado, vemos acção, movimento, enfim, protesto.
Os colegas de Coimbra trataram de se mexer.
É louvável a acção estudantil. Trata-se de uma matéria delicada, sendo que é inacreditável a inércia alfacinha, a que se assiste. Tratados como elementos acessórios na vida académica, os alunos têm um papel basilar na faculdade: é essa a sua ratio essendi.
Há tempos aludi á revolta Francesa, nas ruas da cidade luz. Hic, Portugal, revolta temos.
É mais que óbvio que há um classe esquecida que se quer fazer ouvir, uma classe detentora de conhecimento que não está a ser tida nem achada num processo esclavagista e estandartizador do ensino.
Se na Gália a luta contra os Romanos do trabalho é séria, aqui não menos é grave o processo Italiano que nos trouxe um belo esparguete.
Não chegará, decerto, fechar faculdades, mas é um começo, é mostrar atitude, contra a apatia.

Monday, March 20, 2006

Racismo?

Perguntem a vocês mesmos se são, ou não, racistas.
Ocorre o seguinte: Nas naturais conversas paralelas quotidinas, não é raro surgirem as hipotéticas situações de namoros entre jovens de raças diferentes. É aí que a nossa tendência para segregar vem ao de cima. A humanidade evoluida, todos os grandes pensadores da igualdade tendem a afirmar, com todas as suas forças, que não são racistas.
E quando são pais? Quando essas mentes são responsáveis por alguém?
A humanidade falhou na contradição. Ela esta errada por natureza.
O Debate só pode ser edificante. Enquanto que uns pugnam pela sua coerência moral, outros haverá que tendem a mostrar um faceta falsa, até interiormente, de tolerantes, quando na verdade, quando confrontados com a praxis quotidiana, tenderão a defender a pureza da raça.
Se há guerras pela religião, batalhas pela fé, este não é um tema menos quente. Há estatísticas "perigosas", no sentido de primarem pela falácia, que apontam um declínio de uma raça totalmente "pura", como o caso da França, onde se estima que não haverá um "verdadeiro Francês" aos fim de uns valentes anos...
O que é que se depreende disto?
Nada de jeito.
Seremos todos diferentes, só que uns o aceitarão, pacificamente, como este que vos escreve, enquanto que outros tenderão a confundir raça, com cultura, paz e mesquinhice, verdade com mentira.
Para nós, a humanidade só pode continuar...para outros, o fantasma persegue-os.

Friday, March 17, 2006

Sorbonne de 2006

Que saudades de uma França assim.
Devo confessar que é um país que não tenho em grande conta: é snob, vive no passado, tem uma lingua detestável, totalmente pretenciosa...enfim, não é para denegrir os amigos europeus que vos dirijo este post.
Há uma realidade a ocorrer nas ruas de Paris. Como (quase) todas as realidades, ela não é bonita. Eis os factos:
-Milhões de desempregados, cerca de 20% da população gaulesa;
-Um pacote neoliberal de novas "facilidades" para o despedimento.
-À saida da faculdade, torna-se impossível arranjar emprego e conseguir concretizar um projecto de vida.
Daqui sai o que mais belo tem o ser-humano: a capacidade de fazer mudar o seu destino, de lutar por aquilo que quer, de se fazer ouvir e sentir.
Foi o que aconteceu em Paris. Desde a barricada na célebre faculdade, até às sucessivas manifestações, levadas a cabo nas ruas da cidade luz.
Finalmente concretiza-se, em acções exteriores, a revolta interior daqueles que, como eu, são estudantes.
É hora de perceber o aviso: a realidade nacional não difere. Os problemas acumulam, o respeito pelo trabalhador cai na lama, o desemprego, ainda que não tão alto, é um câncro nacional.
Foi Fukuyama que precognizou a queda do debate ideológico. Foi o mesmo que afirmou a vitória do liberalismo.
É mais que certo que se foi longe demais. A vergonha do desprezo, da politica da "sobrevivência do mais forte", e de um mercado falante atingiram o cume, de uma montanha muito alta.
O povo reagiu...terá mesmo morrido o debate? Terá morrido a vontade por um mundo melhor?

Friday, March 10, 2006

Do Início

"Um princípio é sempre um momento muito delicado".
Fãs de Lynch, saberão do que falo.
A citação tem um cariz extremamente verídico. Arrisco-me a dizer que ninguém discorda do que se supra proferiu.
De facto, há uma realidade incontornável: se o ser-humano é um animal de hábitos. Vive e rege-se por eles, pelo que algo de novo seria estranho ao complexus vitae do Homem. Posto isto, exposto a alguma nova experiência, a reacção natural é o repúdio, o nojo e o medo. Daí o que se disse.
Esta semana, tomou posse o novo Presidente da República, o Prof.Anibal Cavaco Silva. Seguiu-se o protocolo, a cerimónia foi pomposa, como deve, e os convidados foram do mais alto nivel. Até aqui, tudo normal. Todavia esta linha de so far, so good, é errónea, até demais.
Trata-se do Primeiro Presidente da República eleito, com ligações à Direita, claro está, desde o 25 de Abril. Eis o inicio a que me referia.
De facto, não deve causar estranheza a eleição de Cavaco, afinal de contas, em democracia é assim, ganha quem tem mais votos.
O estranho é algo mais profundo: o declínio da esquerda iniciou-se.
Sócrates, PM eleito pelo PS, ainda que popular, terá tomado as medidas mais dextras vistas por um executivo Socialista. Dizem, ainda, as más linguas, que terá um entendimento perfeito com Cavaco
Sabemos que Pais do Amaral votou Mario Soares, oportunamente e indirectamente referido na revista Sábado.
A pérola, enfim, a cereja no topo do bolo, é a crítica positiva de Pacheco Pereira e Nuno Rogeiro ao mandato de Sampaio.
De momento, uma só coisa me ocorre: Já nada é como era.
Se não se sente, ainda, a "delicadeza" deste momento, a breve trecho se sentirá o diluir da ideologia canhota. Esperam-se tempos de vazios mentais, onde o número e a estatística reinarão.



Post produzido a pedido de várias familias. Especial cumprimentoà Familia Batista.
Gente sem Amor à Sanidade Mental