Saturday, November 04, 2006

Fretes e Cotas

O tema não é actual, mas dei comigo a pensar nele, agora que acabo de assistir à edição semanal do Top+.
Amiúde, vemos interpretes da música portuguesa a queixarem-se de não se ouvir mais música Portuguesa nas rádios. É frequente haver manifestações de opinião em programas de audiência forte, na T.V, mesmo daqueles que não têm nada a ver com a industria discográfica portuguesa, por ficar bem e mostrar um nacionalismo populista que sempre faz ganhar umas palmas.
Tudo isto é mais que descabido.
Na tabela dos 30 mais, é certo que mais de 33% são discos Portugueses. Mas estes números desarmam os apologistas das cotas, se tivermos em conta que, nos 10 mais ouvidos, os três primeiros lugares são de música Portuguesa, a saber: André Sardet, Sérgio Godinho e Floribela, ficando ainda outros nomes na berlinda, como são exemplos de Paulo Gonzo e Bebé Lily, um pouco abaixo.
Pelo que sei, não tenho ouvido muito Sérgio Godinho, Floribela muito menos, nas rádios. Pelo contrário.
Esta batalha tuga tem sempre os mesmos protagonistas: os cantores da música popular Portuguesa, vulgo "Pimba". Como é óbvio, esses senhores têm grande parte das suas receitas em espectáculos ao vivo, e não pela venda de CD's, pelo que uma forma só de sustento será pouco. Concordo com eles, num certo sentido. Pelo que se prova, a qualidade tem sempre uma força para fazer prevalecer o bom-senso, sem que seja necessário rádio ou divulgação da TV para que se comprem cd's. E os artistas que citei têm, uns mais que outros, qualidade. Não se podem confundir com os Emanueis e Marantes, que, não obstante a sua importância na caracterização da cultura de um povo, e preenchimento de festas, servindo de base para alguns momentos de diversão, não são vendedores de discos per se.
A rádio deve continuar a fazer as escolhas livremente, seleccionar quem quiser e emitir o som que bem lhe aprouver. Os grandes vultos da música lusa hão de ser sempre reconhecidos.

1 Comments:

Blogger epb said...

ui, gosto do tema. o que os nossos músicos reclamam, na minha opinião é das grandes rádios, porque se formos ouvir algumas rádios regionais e locais podem ter a certeza que o número de músicas portuguesas andam à volta dos 100%, embora algumas sejam de qualidade duvidosa, mas gostos não se discutem. Já nas grandes rádios tipo RFM e Comercial o panorama é outro.
Sabes bem que eu sou contra essas coisas das cotas porque considero que não é pela "força" que se leva as pessoas a fazerem o que outros consideram estar certo. E mais, isto não é nenhuma questão fulcral da nossa democracia para se estar a impor comportamentos. Mas isto é uma coisa, outra é a desculpa esfarrapada que algumas rádios (tipo RFM) dão: coisas do estilo "não se enquadra dentro do nosso perfil de música"; ou "a nossa variedade é tanta que por vezes não conseguimos passar tudo ", mas depois por dia repetem 5 ou 6 vezes a mesma música; ou, e esta é a melhor de todas "somos uma rádio virada para músicas novas e a produção de música em Portugal é algo lenta", mas têm tempo para passar músicas dos anos 50 e 60 montes de vezes ao dia.
Sinceramente, são hipocritas, porque é que nao dizem logo: não gostamos, não presta, detestamos pimbalhada etc etc, sim, porque isso é o que lhes vai na cabeça.
Mas voltando ao tema: não é uma questão de cotas, é uma questão de gostos e orgulho, sim, porque não pensem que os espanhóis têm cotas, mas mesmo assim passam cerca de 50% de música espanhola por dia, e devo dizer que em relação à musica deles, até a Floribella conseguia parecer um Mozart.

1:32 PM  

Post a Comment

<< Home

Gente sem Amor à Sanidade Mental