Tuesday, October 17, 2006

Neminem Laedere

Confesso que gosto pouco do Direito Civil. Coisas minhas.
Mas este princípio é incrivelmente poderoso: haverá algo mais importante do que não lesar o próximo?
O Direito é recheado de grandes princípios, exemplificando com a Proporcionalidade a Igualdade ou mesmo o Primado do Direito à vida. Mas este, mitigado que é, tem uma força bruta porque profere a mensagem fundamental que tem de reger o comportamente das sociedades hoje em dia e para todo o sempre. Não prejudicar, não dominuir qualquer direito, muito menos alguma condição que seja.
Mas as sociedades, hoje, são diferentes, mesmo não indo muito longe, ficando apenas no tempo dos nossos avós. De um dominio avassalador da Igreja (perfeitamente justificado), do poder Burguês ou mesmo político, a autodeterminação dos povos, numa vertente sobretudo interventiva, na palavra que têm de ter para com as decisões de quem dirige os seus destinos, ganha uma nova vida. As questões territoriais deram lugar às questões ideológicas e sobretudo monetárias, isto numa relação com o custo de vida. No tocante a estas últimas: nunca se pensou tanto em termos económicos como nos últimos 20 anos. Nenhuma decisão politica descura as consequências economicas que possa desencadear. Pense-se: a própria CRP consagrava, na sua versão originária, a transição para o Socialismo, ou seja, um ideário totalmente económico. Isto já há mais de 30 anos. Recentemente, mais do mesmo, só que com uma tendência no sentido oposto que é o de lutar pela total liberalização de tudo. Matar o Estado e deixar que as forças económicas privadas actuem livres, quais passarinhos. Isto vê-se todos os dias. Há muitos diários jornalisticos com a temática da economia. A leis de financiamente são debatidas em televisão. O Dinheiro tomou conta de nós. Fomos nós que o criámos, mas ele toma conta de nós. Ele é o passaporte para comprar a comida, um carro uma casa, ter vida.
Isto terá um corolário lógico: a perda de valores. Valerá tudo.
Depois surgem as causas fracturantes. O nome é bom. É chocante, tem uma boa sonoridade e chega bem. Em vez de se discutir qual a melhor maneira de acabar com o analfabetismo, acabar com o problema, ou os problemas, em África, tirar os sem-abrigos das ruas ou mesmo exterminar o défice de democracia que se instalou no mundo, nos últimos 10 anos, optou-se por prevenir outra crise petrolífera, semelhante à de 73, atacando países soberanos. Sempre o vil metal, como negócio base da guerra.
Portugal é igual. Referendos ao aborto. Ilicitude da eutanásia. Adopção por parte de casais homosexuais. O problema é outro. Falando no país, a primeira coisa que ouvimos é: "apertem o cinto". Isto sem um "porquê", sem um "como". Vamos sair da crise. O que é a crise?
Gostava que fossem esclarecidas as minhas dúvidas. "Porquê", "Como". Só isso.
Quando souber e me disserem, só aceito fazer um buraco no cinto se isso se traduzir num aumento da minha qualidade de vida. Coisa que duvido.




levaresim tsop o meplucsed. mob out oan ejoh
Amantes do Russo

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Porquê? Porque sem um belo d'um aperto (mas não só dos particulares) a nossa economia deixará de existir em 2050, altura pela qual teremos uma dívida pública de (sim, é assustador!) 207,6% PIB (segundo a Comissão Europeia).

Como? Pagando mais (em descontos e taxas por uso de serviços públicos) e gastando menos (e aí tiro o boné à nova lei das finanças autárquicas).

É justo?!! Isso não importa, antes injusto do que abrir falência nacional e fazer uma venda directa aos Espanhóis.

A moeda?!! Camarada, sem ela como manter uma noção de património? Sem essa noção, como manter uma economia?

3:11 PM  
Blogger Лев Давидович said...

Apreciei essa do "camarada". Estará iminente uma mudança de "cores"?, eheheh.
O teu raciocínio é louvável, e eu concordo com ele, só que continuo com a mesma questão: será que uma correcção da dívida publica fará com que eu tenha um melhor nivel de vida? Teoricamente, admito que sim, mas, na prática sei que o nivel de preços será demasiado alto para o salário que eu tiver, o que me trará fortes dificuldades.
Aguardo para ver e "rezo" paraque as teorias económicas singrem.

4:35 AM  
Blogger Flecha Ruiz said...

O que eu gostava mesmo era que houvesse um pensamento linear por parte de quem manda...tão isto avança ou não? Há crise ou não? Baixa-se os impostos ou não? Aumenta-se ou não?

Claro que não é pão-pão queijo-queijo porque o mercado oscila...mas ao menos combinem SÓ uma versão para transmitir à nação. Vamos tentar não dar em doidos

5:14 AM  

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