Tuesday, June 14, 2005

Aos Poucos

Há semanas que são negras. Curiosamente, este "negro", tem um duplo sentido, deveras, original.
Desde Quinta-Feira, até ao dia em que vos deixo este post, terça, passaram-se coisas no nosso país. Falo de acontecimentos, de factos, de eventos que, se bem reflectirmos neles, podem significar uma mudança de curso, o virar de página que está para acontecer há tanto, tanto tempo...
Tudo começa na praia de carcavelos. A minha angustia e revolta não pode ser exprimida por palavras. Quem acompanha a realidade e actualidade nacional saberá a que me refiro.
É preocupante, não só o que foi levado a cabo pelos vários "gangs" que, reunindo-se, originaram assaltos, insegurança e medo, mas também o impacto que algumas crianças deseducadas podem provocar aos olhos de um país como o nosso que procura soluções fáceis para problemas dificeis. Estou a referir-me á questão da imigração. Actos como este podem significar, e de forma grave, a exclusão social, de forma ainda mais profunda, de algumas raças e etnias que, bem vistas as coisas, poderão nunca ter a ver nada com o que sucedeu.
É um "pau de dois bicos": por um lado queremos suprimir aqueles que nos ofendem, por outro não nos podemos esquecer que imigrantes também são pessoas, merecem as mesmas oportunidades e o mesmo respeito.
Outra conclusão a reter é que o nosso país, cada vez mais, se assemelha com o 3º mundo sul-americano ou asiático. Assaltos em catadupa, insegurança ao virar da esquina...
Assim nasce a extrema direita: no medo, na vontade de resolver problemas a todo o custo, sem olhar a meios.
Tudo isto é perigoso. Em todos os sentidos.
Porém, não se esgota aqui o assunto.
A semana, para além destes "eventos", trouxe a perda de 3 individualidades que alguma(muita) coisa) ofertaram ao nosso país. Refiro-me a Vasco Gonçalves, Eugénio de Andrade e Álvaro Cunhal.
O menos consensual seria Vasco Gonçalves. Surge num periodo dificil, de grande agitação. Por outro lado, foi oficial no processo revolucionário e diz-se que, no seu governo, muito se ajudou a classe operária.
Eugénio de Andrade dispensa epitetos ou elogios de alguma ordem. O seu precurso fala por si. A sua obra poética é do tamanho do mundo.
Por fim, Álvaro Cunhal. Não se sabe muito sobre ele, sobre a sua vida privada. Há, porém, uma certeza: era um homem da política e da cultura. Tem obra publicada, e os seus desenhos são de uma qualidade incrível.
É o século XX a morrer. A herança é a praia de carcavelos...

1 Comments:

Blogger Inês said...

E a extrema direita a manifestar-se já no sábado. É sinal que algo vai mal na sociedade portuguesa e, enquanto houver gente importante que se preocupa unicamente com a "imagem do país" e com "os maleficios para o turismo", não vamos lá.

6:21 AM  

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