Thursday, June 02, 2005

De volta

No meio de referendos internacionais com resposta negativa, voltam os Portugueses a olhar para dentro, para o seu país.
Isto significa algo muito simples: começa, agora, a haver uma consciêncialização das dificuldades económicas pelas quais o Estado passa. Começa a sentir-se na pele a dura realidade que é ser luso.
Ora bem, eu, sendo Português, que o sou, efectivamente, também inicío este precurso que leva á atenção e percepção das dificuldades. Nomeadamente, acho, até, que se está a regredir.
Em quê?
Simples: Quando quem paga uma crise é a classe média, perdendo poder de compra, não atingindo a satisfação pessoal e olhando para um País que permite a fuga descarada aos impostos, que, se fossem pagos, diminuiriam, em grande número, os sacrifícios.
O País está a saque.
Indubitavelmente, é esta a triste verdade
Não sou radical, olhai aos factos.
Ontem, num encontro que juntou alguns empresários, Belmiro de Azevedo, conhecido capitalsta português, interviu, diga-se, de forma bizarra, e até preocupante. São suas as seguintes frases:
"Hoje em dia, os professores têm um papel deseducador". Há mais: "Os pais pensam que nas escolas os seus filhos são educados, mas enganam-se, são é deseducados". Lamentavelmente, não se ficou por aqui: "O que são direitos adquiridos? Não há direitos adquiridos, nem o emprego é um direito adquirido".
Completa que fica a citação, resta-me, apenas, levantar algumas questões:
I- Tem, este homem, filhos?
II- Se tiver, terão eles sido "deseducados?"
III- Então, o que se faz aos professores?
IV- Que autoridade e força terá alguém para dizer que não direitos adquiridos?
V- Que fazer a alguém que diz que algo que está escrito na CRP, não é verdade? Não é um direito adquirido o emprego?

O quadro é este: a fortuna está mal distribuida.De um lado temos um povo que tem fome, aperta o cinto e cala. Por outro, o patronato, que esmaga com os dois pés as forças produtivas e intelectuais que o país tem ao seu dispôr. Abate tudo e todos que se atravessam o seu caminho.
Temos economistas que tratam a administração pública como lixo humano, referem-se a ela como o "monstro" e esquecem-se na vida que há por trás. Temos um povo que, é desrespeitado, pisado, humilhado. Um povo que perde direitos, perde regalias e, pior que tudo, perde a voz. É um povo mudo, um povo que apenas ouve...
Desta maneira, à semelhança de situações históricas, é bem possível que se entre num proceso revolucionário, onde, tanto a esquerda, como a direita, lutem por uma ditadura de interesses.
Ou o povo se farta desta situação lhe põe um fim, ou será o erguer de uma ditadura, próxima da salazarista, onde o ser-humano é aquele que tem capital, o resto é massa produtiva.
É bem possível que se verifique.

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