Wednesday, May 25, 2005

As Medidas

A "Comissão Constâncio" apurou, e isso não é novidade, que as contas públicas estão pior do que se pensava. Chegou-se a um número: 6.83%.
Para o comum dos portugueses, assim como eu, é um número, baixo, insignificante, mas, para a economia, reflecte um estado de sitio. Reflecte uma catástrofe.
É altura e resolver, de uma vez por todas, este problema.
O P.M, José Socrates, ás 15 horas do dia de hoje, lançou, no parlamento, algumas medidas que têm por base resolver a dita crise. As mais sonantes (medidas) são: Aumento do IVA de 19 para 21%, criação de um novo escalão de IRS, de 42%, levantamento parcial do sigilo bancário, congelamento de carreiras, na função pública, bem como de salários e aumento de impostos directos.
Pois bem, o País conhece agora o que o espera.
Para os mais desatentos, o que vão acontecer com a implementação destas medidas?
Vamos começar pela parte boa.
No princípio, vão encher os cofres do Estado. Os preços aumentarão, mas a elasticidade só se fará sentir mais tarde. Só ao fim de algum tempo se terá a percepção que se perdeu poder de compra, mas maus aspectos já falaremos deles. Cheios os cofres do estado, o governo terá capital para investir, terá hipótese, talvez de implantar o choque tecnológico que prometeu. Investirá?
Não o sabemos. O princípal obejctivo é pagar o que deve, ou o que falta.
Daqui, parecendo que não, se podem resolver alguns números mais complicados. De facto, quando sabemos que o défice anuncia que se gasta mais do que se produz e ganha, encher o cofre do estado será um fonte de colmatar o problema. A questão é: será a melhor?
Maus aspectos: O consumo vai cair ( e de que maneira). Vais cair por isto: aumentando o IVA aumentam os preços. Ora, se aumentam os preços e não aumentam os salários, quem pode comprar? Ninguém. Vai haver um quebra. Haverá uma retracção.
Claro que esta medida visa também combater a inflacção, mas facto é que o poder de compra é gerador de uma boa economia, senão vejamos: O fluxo mercantilista leva á compra. Para haver compra, tem de haver produção, para haver produção tem que haver empregados e mão-de-obra que produza, o que leva á criação de empregos, que leva a um aumento de riqueza, que conduz a um bem-estar. Mais, a produção leva á procura de bens primários, o que beneficia outros tipos de produtores, de sectores mais em crise.
A meu ver, a quebra de consumo apenas faz com que haja retracção, que não se consuma, que se passem necessidades.
Outra coisa vai acontecer: a fuga aos impostos. Se já havia quem não pagava, a epidemia agora alastra. Poderá prever-se, se não houver combate adequado, uma multiplicação de declarações de prejuzio e não se passam recibos nem facturas.
Como sempre, a classe média paga a crise. É ela a grande consumidora, é ela que está, em grande parte á mercê do Estado.
Isto que tenho estado para aqui a dizer, não terá o rigor científico, mas terá verdade.
Cabe, agora, aos Portugueses decidirem entre duas vias:
-Ou toleram o aumento de impostos, sendo que continuam a acreditar no estado social que vive das verbas que os contribuintes descontam, para os mais diversos fins, desde boas condições de saúde passando por regalias sociais de toda a espécie.
-Ou não aceitam este modo de vida, e mudam para um estado alheado dos problemas de cada um, um estado que serve apenas de árbitro entre empresas concorrentes. Aceitam um estado que cede tudo á iniciativa privada, onde o pobre sofre e a pessoa é esquecida em detrimento da conta bancária.
Escolha.
Pense e escolha.

1 Comments:

Blogger Inês said...

Sinceramente não compreendo por que é que aumentam 2% a taxa normal em vez de aumentarem de 12 para 15 a taxa média, já que não se acaba com ela. Também me parece que se devia repensar os produtos à taxa reduzida (revistas e jornais... já não se justifica). Mas já estão a repensar o sistema de reformas para os governantes e deputados, não se pode ter tudo duma vez.
Mas não tenho os "números" por isso não posso dizer se é melhor assim ou assado (e mesmo que tivesse, não teria "capacidade"). Será desta que os portugueses vão deixar de ignorar a crise? Será desta que TODOS vão pagar os impostos sem piar, como acontece na Suécia, por exemplo.
Era bom, era.
Já decidiram levantar um dos véus do sigilo bancário.
Infelizmente o IVA é o único imposto que pode aumentar. E não leva à fuga aos impostos (acho eu) porque quem paga é o consumidor final.
Aumentar o IRS/IRC levaria à fuga para o Leste de várias multinacionais, ou (ainda mais)aos impostos...
Há muitos interesses em conflito. Há sempre, mas é preciso fazer qualque coisa.

2:38 AM  

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