Wednesday, November 24, 2004

A Amizade

Já sobre ela escrevi várias vezes, bem o sei, mas passado o dia de hoje, é-me indispensável fazer um comentário e tecer algumas considerações sobre este sentimento.
Todos nós temos um nosso conceito de amizade, uma ideia própria, um modo de entender esse sentimento.
Isso intriga-me. Eu não tenho modo de ver essa amizade.
Existem vários tipos de pessoas, sem querer ser discriminatório, e desses vários tipos, há aquelas com que é possível tentar uma relação, outras com que não.
Deixemos as que não nos dizem nada de parte. Centremo-nos naquelas, ditas potenciais, com quem será ideial uma ideia de amizade.
Hoje, hipoteticamente, é-me dada a noticia de que se vai realizar um encontro de "amigos", e eu não fui convidado. Haverá sentido em me auto-convidar? Haverá sentido em continuar a relacionar-me com esse grupo?
Pensemos nisto como primeira permissa.
Venha a segunda:
Há um evento cultural. É um evento do qual depende uma parte do nosso sucesso cultural, supondo: um concerto de uma famosa banda e nós somos músicos. Devido ao nosso total medo patológico de estarmos sozinhos, convidamos essa pessoa para ir conosco. Há, imediatamente, uma recusa. Como referi, a pessoa é pouco abonada e gastar verba num concerto, para ela, inútil.
Terceira permissa:
O sentimento é algo pessoal. Se para nós é errado matar, pode, para outra pessoa ser o único modo de vida. Se algum dia se provar que Carlos Cruz poderá ter violado alguma criança, isso será motivo para deixar de ter amigos?
Enunciei 3 permissas. Para as 3 tenho nomes, que passo a citar: Falsidade (primeira); Obstrução (segunda); Incompreensão (terceira).
Sabemos que as sociedades são divididades em grupos, a nossa vida é dividida em grupos. Em todos, nós temos isto.
Poderá ser chocante o que digo, o leitor, especialmente se for das minha relações, pensará que sou um falso, mas veja-se isto com olhos de ler.
Veja a vida de qualquer cidadão, a minha, a sua, uma qualquer. Procure casos analogos: aquele acontecimente a que todos foram e você nem convidado foi; aquele evento que você queria ter assistido e o dinheiro barrou a sua ida e a da sua amiga; Quantos amigos é que você deixo de ter porque tinham más relações e tomaram um rumo de vida diferente?
Não vale a pena fugir, o que é, é.
A minha conclusão, ao fim deste macabro dia, é que ser amigo é carregar com o fardo de ter de lidar com estas realidades: Imcompreensão, Obstrução e Falsidade.
Para quem isto não é uma realidade, ou para quem ainda não deu de cara com alguma destas perspectivas, a amizade não existe.
Digo não existir porque ainda não foi testado convenientemente, e não se sabe como reagirá.
Ok, é um texto longo, mas só lê quem quer.

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