Friday, June 09, 2006

Atrasos

Não tenho podido, como queria, actualizar o blog, mas a época de total exame das minhas capacidades ocorre...e fica complicado...
Faço este update apenas para dizer o quanto me desagradou o veto de Cavaco Silva, à lei da paridade.
Numa optica de jurista embrionário, é um Veto político, que o P.R pode exercer, que se contrapõe ao veto juridico, que consistia num envio do diploma para o T.C, para que este se pronunciasse...
Disse "Não" e devolveu à A.R. Isto levanta uma questão: se se reformular o diploma, ele é um novo diploma, e só precisa de maioria simples, ou é o mesmo e precisa dos 2/3 que a CRP exige?
Não é coisa que me tire o sono. O que me preocupa é a acção. Sou, por príncipio contra a existência de um veto político. Acho-o errado. Para fiscalizar as "acções" da A.R e do Governo bastava o T.C, por dois motivos básicos: o primeiro porque é um tribunal, e isso confere-lhe um estatuto moral e social superior, segundo porque,em princípio, terá personalidades muito mais qualificadas para a decisão. Claro que o modo de se chegar a juiz do T.C é obscura e pode tirar alguma credibilidade ao que escrevo, mas é o que penso.
De todo o modo, quid facere? Dura Lex sed Lex.
Outra das minhas preocupações era a reacção do executivo. Foi positiva. Cabe a um P.M manter uma postura de rectidão e confiança. Foi o que aconteceu, Sócrates esteve bem e seguro.
Mas é inegável que é um choque notável. Sou novo, pode ter havido, mas não tenho grande lembrança de vetos políticos. Sobretudo de vetos políticos com justificações destas.
A lei era boa. Embora muitos espécimes do sexo feminino não a recebam do melhor modo, uma coisa é certa e universal: é a lei que introduz o progresso, não a fonte, por excelência, mas é uma das fontes. Como tal, era imperioso que esta lei se fizesse mulher quanto antes.
Tenho a esperança que se fará...

10 Comments:

Blogger PedroSilveira said...

Tal como reconheceste implicitamente, o Tc é um orgão politizado não só pelo modo de designação dos juízes como pela própria natureza das coisas. Daí não concordar contigo numa eventual abolição do veto político mas sim num ponderado uso pelo PR (o que até acho que aconteceu). De outro modo aquilo que é por muitos chamdo de "governo de juízes" poderia ser uma realidade... trágica.

Abraço

6:30 PM  
Blogger Лев Давидович said...

Tudo bem, mas não te esqueças que "uso ponderado" é uma espécie de conceito indeterminado...e devo confessar que me geram certa insegurança.
Obrigado pelo comment :D

3:01 AM  
Anonymous Anonymous said...

já te tinha dito que o T.C. é uma tacho?pois se ele mandasse era a mesma coisa.
já agora fiquei espantadissimo com a reacção de vários movimentos pró-feministas que aplaudiram a decisão do Presidente.
A propósito deixo aqui 2 links (tu já deves ter lido mas fica para quem ainda não leu):http://causa-nossa.blogspot.com/2006/06/quem-veta-paridade-veta-democracia-i.html ; http://causa-nossa.blogspot.com/2006/06/quem-veta-paridade-veta-democracia-ii.html

2:56 PM  
Anonymous Anonymous said...

e já agora:
eu estava à espera de vetos: e muitos, mas não esperava tão cedo!

e fica aqui uma engraçada via Grande Loja do Queijo Limiano:

Ex.mo Senhor
Presidente da República
Prof. Anibal Cavaco Silva

Para além dos cumprimentos protocolares, desejo-lhe sinceramente felicidades e bom êxito no cumprimento da sua impossível cooperação extratégica.

NB: Essa de se juntar à lavoura para dizer mal do meu ministro...

José Pinto de Sousa

2:59 PM  
Blogger Лев Давидович said...

Pois é, o T.C é tacho...é uma realidade incontornável, mas eu gostava que fosse diferente, gostava mesmo. Devia haver mudanças sérias. Ás tantas, o P.R não mandou o diploma para lá: ou por ser coerente e continuar a "acreditar" que o T.C é uma força de bloqueio, ou, por ser politizado, achar que ia passar, na boa. Who knows...o Blanco também não deve gostar muito dele.
Obrigado pelo Comment

3:06 PM  
Anonymous Anonymous said...

se leres o texto do veto, vê-se mesmo que é esparguete juridico. Diz tanto e nada.
Mas quando me referia que era uma tacho não estava a retirar-lhe a independência, antes pelo contrário, ao serem nomeados para 7anos ganham mais independência, porque os Governos só duram 4.
Quando disse: "se ele mandasse era a mesma coisa", queria dizer que, infelizmente, hoje em dia os Tribunais superiores ainda são demasiado conservadores.
boas!

3:12 PM  
Blogger Лев Давидович said...

Epá, são independentes, atenção: aquilo é um orgão onde se chega por nomeação...permita-me discordar, caro senhor. Ainda assim, é pertinente a questão da "senilidade" nos tribunais. Velhotes são, só esperava que fossem mais abertos. Se o mundo fosse perfeito eu não existia, mas existo.
Salve!

3:15 PM  
Anonymous Anonymous said...

queria eu dizer que muitas vezes quem os nomeia já não está lá para pedir os favores.
além do mais eles são nomeados por 2/3 e metade deles são cooptados.
ousaja, dão para os dois lados (no bem lado da expressão, obviamente).

3:26 PM  
Blogger Лев Давидович said...

Não sou só eu que digo que é um orgão pouco independente, epb.
Afinal de contas, alguns são nomeados, e mesmo sendo outros cooptados, não deixam de ser clientes partidários.
Em suma: não é perfeito

12:19 PM  
Anonymous Anonymous said...

pá, mas isto da politica em portugal é como no futebol, quem não tem ideologia ou partido não é humano...ou se calhar é....
mas pronto, vamos mas +é estudar administrativo e as questões contitucionais ficam para a semana.
Greetings!

1:33 PM  

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