Saturday, September 02, 2006

Prostituição e Salas de Chuto

Num acervo de locura, muito em parte causado pela atmosfera do dia em que vos endereço este post, meu pesado corpo se refastelou no sofá, e fazendo companhia aos meus avós, comecei a assistir ao "show" "Canção da Minha Vida". No meio do pó levantado pela idade das músicas interpretadas, surgem dois convidados, ambos interessantissimos:Maria de Belém e um descendente dos Pinto Coelho. A primeira terá sido Ministra da Saúde e o segundo terá relações com o combate á droga. Peço imensa desculpa por não conhecer a sua obra.
Adiante.
Maria de Belém escolhe o tema Amélia que aborda a vida de uma profissional do sexo, em pleno cais do Sodré. Na entrevista da praxe, a apresentadora pergunta: é ou não a favor da prostituição? Numa resposta, a qual eu não concordo, o que não é impeditiva de ser bastante válida, a ex-ministra respondeu que não era, por um motivo muito simples: excluindo aquelas mulheres que se prostituem pelo vício da droga, todas as outras são uma falha do sistema (ela não terá usado a expressão), ou seja, são mulheres pouco educadas, vítimas de exploração e não estariam naquela vida por opção, mas por obrigação. Já disse que é válido o que se afirmou, mas pergunto: só há esses dois tipos de pessoas? As viciadas e as obrigadas?
Não creio, nem assim é. Não é que a minha experiência com as senhoras do ramo seja muita, até porque é nula, mas facto é que há quem siga a via, esse caminho, porque quer. É bizarro? É. Será ignóbil seguir a mais velha profissão do mundo? Claro. Mas é mentira o que afirmo? Não. Como defende o Zé Povo, haverá gostos para tudo e aqui não se excepciona.
Seja como for, e se atentarmos bem ao que se diz, merecem ou não protecção aquelas que por motivos de vício, obrigação, seja ela qual for, ou gosto se dedicam ao sexo? Repare-se: por mais que se diga que há que combater, prevenir e eliminar aquilo a que alguns chamam cancro, as prostitutas são seres-humanos, e não existem seres humanos de segunda e de primeira. Um segundo passo é ajudar também aqueles que recorrem as serviços. Será discutivel, concerteza, mas são seres-humanos...Posto isto, quando falo em protecção, ela só se alcança, só será viável havendo profissionalização. tem que haver leis, tem que haver organização. Pode até ser encarado como um meio de combate, e se assim for, seria o mais organizado de todos.
Ainda que o cabeçalho do post seja semelhante ao título de um CD duma banda Heavy, de mau gosto, há que suscitar a admissibilidade da existência das salas de chuto.
O post já vai longo e o resumo é imperativo: 100% a favor. Quem começar a fazer perguntas como "quem será o dealer?" ou mesmo "pode consumir-se todas as drogas, mesmo tabaco?" será contra. Quem, como este cadáver escritor, acha que deve incutir-se na questão da droga um racionalismo capaz de admitir o uso destas substâncias como a nova epidemia e considerar todo e qualquer toxicodependente , mesmo aquele que arruma o carro ou assalta a casa, uma pessoa, com tudo isso que acarreta, será um correlegionário meu e nesse caso benvindo.

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