Saturday, May 06, 2006

Custos da Neutralidade

Antes de escrever seja o que for, quero afirmar que vou voltar aos bons velhos textos secantes que caracterizaram este blog. Estive ausente e voltarei a colocar-me nessa posição mas, por ora, cabe-me fazer uma reflexão simples.

Sou militante de uma Jota. Militante é como quem diz, sou filiado nessa associação. Interesso-me pela vida política, pelos desenvolvimentos na cena internacional. Fui fortemente influenciado por uma docente no 12º ano de escolaridade, por sinal, uma pura marxista. Foi decisivo. Percebi que é necessário ter opinião sobre tudo, querer ter sempre um lado para o qual tender, enfim, perceber quem somos e o que fazemos.
Já no primeiro ano de faculdade, fui bombardeado com uma frase que acompanha todos aqueles que nutrem qualquer ligação á economia. A frase é: não há almoços grátis. O seu autor é João César das Neves. A afirmação significa, entre outros milhares coisas, que tudo tem custos, no caso concreto, ser positivamente adepto de uma filosofia política de filiado num partido político.
O chato disto é que sou percebi isto hoje.
De facto, o despertar para a frente activa da política não é tarefa fácil. É necessário crescer a "comer" da doutrina partidária, saber fazer amigos certos e sobretudo saber jogar xadrez, que é como quem diz, saber mexer as peças na hora e para o lugar certos.
Como toda a teoria, fácil é explicá-la, dificil será aplicá-la.
Estado actual: Uma unidade votante e comandável.
Quem não se situa na esfera governativa dessas organizações, nem a isso tem ambições de chegar é o que eu sou e está no estado em que estou.
Mas foi isto que escolhi ser. Tarde piei.
Tratei de enveredar por um caminho, sinto-o e trilho-o. Num golpe de sorte, tenho as minhas ideias, tenho orientação certa e sou senhor de uma coerência muito própria.
Jamais serei neutro, no que toca a ideias. Jamais serei do "contra", anarquista ou levado ao sabor do vento.
Mais um custo: o de oportunidade: é que a outra alternativa, apesar de cara, consegue ser menos custosa do que esta e isso é um precisoso combustível.




Como seria tudo mais fácil se a ambição do poder me movesse.

9 Comments:

Anonymous Anonymous said...

caro amigo:
bem para seres como alguns dos que tu dizes não kerer ser tinhas que não ter uma coisa, que era escrupulos, e felizmente tens, não jogas nessa vida de jota como outros, que procuram o célebre T, e tens o beneficio de, por enquanto (e espero sempre)não seres aparelho!!!!
kt ao "Estado actual: Uma unidade votante e comandável." não sei se esterás bem axim, para o bem de tudo o k disse antes!
cumprimentos!

5:05 PM  
Anonymous Anonymous said...

Yeh sure... nice words! Os escrúpulos e a idoneidade nunca levam ao poder. Lev sabe isso, pois muito bem. É a sua opção. A minha é ceder onde for necessário e quando os fins justifiquem. A vida não é justa e a justeza tem custos. E quando fraquejar outro tomará o meu lugar.. that's the way!

Mas há um ponto no post particularmente curioso: "tomar sempre uma posição". Mais uma vez penso que não se deve radicalizar. Por vezes o cinzento é o caminho mais simples para o xeque-mate. Por vezes é o mais racional: critique-se o Homem, mas Salazar soube ser neutro quando a altura chegou. E by god, acertou!

6:18 AM  
Blogger Лев Давидович said...

Eu agradeço, naturalmente, os comentários que fazem no meu blog, mas não posso deixar de me irritar. É que é mesmo mais forte do que eu.
Que conversa é essa curunir?
De facto, surpreendes-me. Relegas para segundo plano valores que deveriam ser principais, louvas Salazar e esqueces-te que nada passou duma pseudo-neutralidade. Sempre se simpatizou com nazis e fascistas, caramba, até o nosso regime o era!
O comentário passa, mas queira vossa excelência saber que custa ter propaganda desta no meu blog.

1:39 PM  
Anonymous Anonymous said...

Vamos então exercer o contraditório!

1) Eu NÃO louvo Salazar (o todo). Louvo a sua neutralidade que apesar das tuas críticas salvou Portugal de um desastre ainda maior. Lembro-te só a nossa pequena e vergonhosa participação na Flandres aquando da anterior guerra! E mais uma vez aviso as pessoas para o perigo de só saberem ver de um lado: Portugal colaborou não só com as forças do eixo mas também com ingleses durante o conflito.

2) Alguém disse "great empires are not maintained by timidity". E esse alguém foi Tacitus. Não sei bem quem foi, mas certamente alguém que sabia mais do tu, e eu.. Portugal não é um grande império é verdade, mas porque não se soube dele fazer um grande império.

3) Não venho para aqui fazer propaganda nenhuma. Venho expor os meus pontos de vista. É pena que tenhas tantas dificuldades em aceitá-los.. quando vens precisamente criticar a falta de valores.

Ave

2:14 PM  
Blogger Лев Давидович said...

Começa a ser chato quando te pões a debitar frases de alguém que, ainda por cima não conheces. Começa a ser chato vires atacar quem escreve neste blog. É errado da tua parte tentar voltar o que disseste para quem nem sequer se aproxima do teu catálogo de valores.
Nao te fazia mal aceitares pensares mais sobre a tua postura na vida.
Não me preocupa que tenhas as ideias que tenha, preocupa-me sim a tua má vontade e prentenso sentimento de suprioridade. Se não gostas do que aqui se diz, tens bom remédio.
Para mim era fácil censurar o que escreveste. Mas, ao contrário do que defendes, certamente, sou pelo pluralismo.

2:20 PM  
Anonymous Anonymous said...

Ponto muito importante: sentimento de superioridade não tenho. Quanto muito tu poderás ter um de inferioridade para tentar descobrir palavras nas entrelinhas. Nunca fiz ataques pessoais (que me lembre). Apenas ataco as ideias com que não concordo.

Truque hipócrita: dizer "eu não censuro" mas ao mesmo tempo "se não gostas não venhas". Vá la, tás em casa, ao menos isso. Boa sorte então para o blog! Pena que só eu tenda a discordar abertamente (tirando a carocha, acho que já discordou uma vez ou outra). Assim passarás a ter comentários só a concordar e a dar palmadinhas nas costas..

2:31 PM  
Blogger Лев Давидович said...

Optas por ser resentido. Por mim dá igual. Sim, a carocha discorda, mas sabe fazê-lo.
Volta sempre

2:34 PM  
Blogger Inês said...

(vou tentar ignorar os comentários anteriores, mas acho que agradeço as considerações, "acho")


acima de tudo, é de salutar a capacidade crítica construtiva. e se os partidos servem para congregar ideias/ideais próximos isso não deve, a meu ver, nunca significar um arregimentamento, uma cegueira partidarista. por isso, os meus parabéns pelo pensamento autónomo (e não autómato - isto faz-me lembrar uma música qualquer =S).
quanto ao alcançar cargos políticos, a questão prende-se com a ideia carreirista. penso que a política não é (ou não deveria ser) uma profissão. é, acima de tudo, um serviço público, um "dever" comunitário (eu com visões românticas da coisa, mas lá está: prefiro ser assim, a usar "meios alheios" para atingir um estatuto que considero vazio, quando apenas se trata disso mesmo).


(o tardar das minhas respostas prendem-se com indisponibilidade-leia-se preguiça mental- e com o meu sentimento anti-precipitações, pff... desculpa?)


bjs

10:29 AM  
Blogger Inês said...

This comment has been removed by a blog administrator.

10:29 AM  

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