Tuesday, July 20, 2004

O que é o amor?

Caro leitor, o que é o amor? Quando escreve, ou pensa, na palavra, o que lhe vem á cabeça? A questão não seria, certamente, tão pertinente, se lhe perguntasse o que era para si o sexo. Á cabeça vir-lhe-iam imagens escaldantes, ou talvez não, de magistrais cenas sexuais. Mas com o amor é esquisito. É diferente. Retomo a pergunta: O que é que lhe vem á cabeça?
Como não está aqui para me dar uma resposta, eu vou arrepiando caminho. Quando penso em amor...não me vem nada á cabeça. Depois de me aperceber que me acontecia isto, resolvi reflectir um bocado.Foi o que fiz. Volto então á temática do sexo. É que quando se pensa em sexo, como algo que é feito a dois, pelo menos presumivelmente, o "imaginador" "vê-se" e "vê" mais alguém, a companheira, ou o companheiro, conforme. Quando se pensa em ensopado de borrego, o "imaginador" visualiza o ensopado. Quando se pensa em Madonna, ou nos vem á cabeça a cantora, ou uma das brilhantes pinturas de Rafael. Mas com o amor...Não se vê nada, ou pelo menos eu não vejo coisa alguma.
Passo então á responder á pergunta que está no titulo. O amor é, acima de tudo, um sentimento personalizado. Personalizado, na medida em que só nos é possivel ter uma noção de amor quando há alguém que reflicta em nós o ideal de sentimento.  Quer dizer, alguém que, segundo a nossa mente, seja indicado para ocupar o cargo de "companhia". Exemplo: vemos alguém na rua, e essa pessoa pode ser duas coisas: ou mais uma, ou alguém especial. Se for alguém especial, quando nos for dito o nome daquela pessoa, ou simplesmente nos lembramos dela, essa pessoa é o amor para nós. Simples. Agora, neste estado, a palavra amor está, automaticamente, ligada ao sujeito imaginado.
Por outro lado, a pessoa pode ser especial, mas num sentido diferente. O sentimento nutrido por uma mãe ou pela namorada, não são, de maneira nenhuma, iguais. Aqui há um bico d'obra. É a partir deste ponto que me esclareço quanto ao sentido de "amor". Concluí que se trata de uma confusão. Não se podem confundir sentimentos, já o dizem os amigos do outro lado do Atlântico, os Brasileiros. O que sentimos por uma mãe, e vice-versa, é um sentimeno superior ao de amor. Nesse sentimento inapelidável, há por cada uma das partes um entrega e tolerância significativa para com a outra. É demasiado forte. São laços inquebráveis, apenas um fenómeno como a morte pode desunir o que foi criado numa relação destas. Isto, porém, não se pode tratar por amor. Irritado, interroga-se o leitor: "Mas porquê?". Estamo-nos a esquecer de uma parte que está e estará permanentemente ligada ao ser humano: a parte animal. Pois é. No amor terá sempre de haver uma ligação muito mais básica que aquela que supra citei, na relação mãe/filho: a relação onde se saciam as necessidades libidinosas. Sexo é importantissimo, se não for o sexo, sejam, pelo menos, outras actividades de cariz sensual. Não estou a dizer que são repugnantes, antes pelo contrário, são de louvar, pois mostram o elo que temos com a natureza.
Em suma, amor, enquanto sentimento personalizado, necessitado de um objecto para ser reflectido.É básico, inerente ao ser-humano e é irreversível. É, porém, diferente de uma relação pais-filhos, onde não se impõe a relação "carnal". Apenas o espirito da união subsiste e chega para garantir a sua existencia durante vários anos.
Percebo agora porque é que não vejo niguém quando penso em amor. 

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