Tuesday, February 28, 2006

Outros Carnavais

Já foi há algum tempo.
Combinou-se, num grupo de amigos, fazer uma batalha de balões de àgua. Com a simplicidade de crianças, trocaram-se ideias, definiram-se equipas,e só faltava mesmo começar a molha.
3 para cada lado. Uma batalha de balões de àgua pressupõe muita h2O. Tinhamos que encher os balões com qualquer coisa. Sendo assim, definiram-se "bases" onde haveria uma torneira pronta a encher os balões. Por deliberação, eram inacessíveis essas bases, ou seja, ninguém, da equipa contrária as podia invadir.
Começou a batalha. Posso dizer que correu bem. Consegui encharcar uma catrefada de pessoal.
Porém, houve uma que não achou piada. Estava a "humedecê-la", com bastante gozo, diga-se, até que se me acabaram os balões...e ela tinha 1. Era o único enxuto, nem uma gota. Ao olhar para mim, disse com os olhos: acabou-se-te a mama.
Foi então que comecei a correr. Destino: a "base".
Na época, ainda era um individuo novo, consegui distanciar-me da minha oponente. Corria para a minha base, ia lá chegar, não havia como me molhar, o jogo ia acabar em beleza.
Modesto, e estupido, como sempre fui, defini no princípio do jogo que a minha base era um espaço aberto com uma mangueira que vinha do meu quintal. Ao chegar lá, grito: "'Tou na base!!"
Foi o mesmo que estar calado. Rancorosa, a minha perseguidora atirou o balão com um ódio estampado no resto.
Acabei por me molhar....

Saturday, February 25, 2006

Breves...

É incrível assistir ao asco que os Professores universitários mostram à luta dos professores do ensino público obrigatório.
Num gesto repulsivo, parece, para os primeiros, que está mais que certa a atitude de implementar este regime, de aulas de substituição.
A meu ver, é fácil falar, quando só se dão 2 horas de aulas por semana. É fácil falar quando se trabalha para toda a qualquer entidade privada, acima de tudo, deixando a faculdade para segundo plano.
Uma coisa é certa: ao que se assiste é a comentários de pseudo-professores a professores a serio.
A questão não devia ser tratada assim.

Friday, February 24, 2006

Momentos

Gostava de vos mostrar qualquer coisa, mas como explicá-la, isso, ainda não sei.
Numa das primeiras semanas de aulas, no tempo em que enveredei pelo ensino superior, tive a oportunidade de apreciar uma rara imagem que, para mim, significou uma mudança significativa:

No caminho que liga a FDL e A FLUL até ao metro, certo individuo, com os seus 2 metros, careca, assobiava a célebre música dos U2, "In the name of love".

Era o ar descontraído (as mãos nos bolsos, cabeça na lua) e a indiferença que mostrava perante o mundo. Era eu, que vinha de uma experiência traumatizante, de perceber a exigência que me esperava, que tinha percebido que a vida, ali, jamais seria a mesma.
De uma periferia, que é a margem sul, mudei-me para Lisboa. Tudo era um mundo novo. Que grande pressão.


Ainda hoje, quando não é forte a vontade de continuar a caminhada, lembro-me sempre dessa caricata figura. O ar relaxado, o ar tranquilo. Afinal de contas, a vida continua.

Monday, February 20, 2006

Breves

Numa de economia, há um facto e uma frase que, no inicio desta semana, me vejo obrigado a comentar.

O facto é a cobertura da "transladação" da irmã Lúcia.
Numa palavra, intolerante. Houve como que um abuso, por parte de 3, dos 4 canais da TV Portuguesa. Não foi possível, para quem não possuisse tv por cabo, assistir a algum programa que se mostrasse alternativo. Uma palavra deve ser deixada para a Dois, que se mostrou diferente.
Não se admite que num Estado, dito laico, aconteça isto. Um bombardeamento, uma envangelização forçada, de todo um país. Para ser muito franco, faltou pouco para se regressar ao Estado Novo. Bastaria apenas um João Braga num canal e um jogo do Benfica noutro. Que saudosa trilogia....

Quanto à frase, ela é a seguinte: "É o mercado que faz os bons alunos".
Isto foi proferido hoje, por um individuo que mostrou frieza...mas será a frieza verdade?
Não são os alunos que se fazem? Não depende de cada um a sua qualidade? E os professores?
A meu ver, o que se quis dizer, foi que o mercado acolhia quem tivesse melhores notas, em primeiro lugar. Daí a ser ele a produzi-los...
O autor poder-se-á defender...se quiser...peut être...

Saturday, February 18, 2006

Antecipações

Antes de referir seja o que for, quero que se saiba que sou contra a adopção, por parte de casais homosexuais.
Posto isto, segue-se o que pretendo contestar.
Polémica é a questão que tem vindo a satisfazer o apetite dos media tuga, o célebre casamento entre duas mulheres.
Como se sabe, essa hipótese não é possível. É uma questão constitucional e civil. Há um artigo do código civil, mais própriamente, o 1577º, que dispõe algo simples: sendo o casamento um contrato, o dito só pode ser efectuado por pessoas de sexo diferente.
A partir desta nuclear norma, muito se falou e pouco se disse.
Há um advogado, há as partes (pois claro) e há o resto do poder político.
Quanto ao advogado, como lhe apraz, faz o que pode para conseguir unir, legalmente, as duas almas que representa.
As partes querem casar, não há muito mais a dizer.
O que "mexe", aqui, é o poder político e os seus ramos.
Tive acesso, há dias, ao anteprojecto de lei, da JS, que tenta fazer reconhecer, aos olhos da lei, o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo.
A este respeito, duas considerações, muito simples:
- Uma positiva: o diploma tem boa redação, percebem-se as intenções. Percebe-se o que se quer e o que não se quer fazer;
-Uma Negativa: Quanto ao que não se quer fazer, que é avançar para uma posição sobre a questão que será a subsequente: a adopção de crianças, por parte de casais homosexuais.
Perdeu-se uma boa oportunidade de se tomar uma posição, mas, mais grave ainda, adiou-se a resolução de um problema polémico.
Há argumentos contra o que digo: há pouco debate; há poucas tomadas, assumidas, de posição; há muita gente contra esta medida; há gente que aceita o casamento, mas não aceita a adopção...
Democratas que somos todos, ou quase todos, lá aceitaremos estes argumentos.
Mas uma coisa é certa: o país adia estes assuntos, permanentemente. O Governo, e outras organizações políticas esquecem o futuro. Não há vontade de haver compromisso. Há medo e há laxismo.
Por muito boas que sejam as intenções da JS e do B.E ( e de certeza de outras organizações) ainda que seja louvável o esforço, grandes assunto não merecem uma discussão parcelada.

Wednesday, February 15, 2006

Passou-se um dia

Como é geral pela blogosfera, muito se fala e discute sobre o "emocionante" dia dos namorados.
Para minha vergonha, não celebro o dia há uns anos valentes. Ainda assim, o S.Valentim de ontem teve á mistura uma data de acontecimentos interessantes.
A nivel de sucesso académico, habemus um redondo zero. Foi degradante. Ainda hoje não recuperei. Todavia, duas foram as frases que mudaram uma perspéctiva macábra, e visões de um futuro vampiresco.
"Se tivesses chegado aqui com mais do que uma (...), isso sim, seria grave"
"Estive mais para lá do que para cá. Portanto, isso não é nada. É preciso ter saúde"
Este será, porventura, o post mais pessoal, e cumulativamente, o mais desinteressante.
Mas, caros leitores, era mais forte que eu mostrar que pode haver felicidade num dia dos namorados sem namorada.
Queria mostrar que há sempre uma situação pior que nossa. Há sempre alguém que nos motiva.
Há sempre um razão para continuar a viver.
Eu ontem percebi isso.
(Ainda) Não não tenho companhia para dar as minhas voltas, mas tenho, sem sombra de dúvida, amigos.
Pena que não haja um dia mundial do amigo.

Saturday, February 11, 2006

Conceito de Liberdade

Para dar uma ideia de "doutismo", podia começar a minha dissertação sobre o tema supra escrito, com uma "humilde" abordagem histórica, talvez referir o nascimento latino da palavra, mas não, não irei por aí.
Tudo porque o que me interessa saber é muito simples: há algum conceito para liberdade? Há alguma definição chave? Há muitos sinónimos?
Começando pelo fim, poder-se-ia dizer que liberdade é poder, mas será? Não parece. Poder é acção, poder é decisão. Só haverá liberdade em agir? Não, podemos ser livres em não fazer nada, em ficarmos passivos. Com o Poder, ainda que seja possível ficar parado, estamos habilitados por uma acção que fizemos no passado.
Será que liberdade é laissez faire? Sabemos que é liberalismo, isso sabemos. Mas se somos livres de agir, e podemos fazê-lo, não estaremos a ir contra a lógica do laissez faire?
Pelos vistos, não há sinónimos.
Quanto a definição...Há? Por esta altura, acabo de perguntar num chat da especialidade se algum filósofo avançou para uma definição de liberdade...Não recebo respostas.
De facto, não é nossa conhecida nenhuma definição.
Conclusão: Estamos perante um verdadeiro conceito indeterminado. Não sabemos transmitir o conteúdo. Não é pacífico dizer que é isto ou aquilo. É um aspecto branco nas nossas vidas.
Ainda assim, muito se fala dela. Recentemente, relativamente aos cartoons dinamarqueses, a dita liberdade de expressão. O termo, sobre o qual se fala, é também associado a direito positivado: o Direito à Liberdade, reflectido em muitos aspectos.
Mas se um filho meu chegasse perto de mim e me perguntasse o que era a liberdade, temo bem que lhe dissesse que era a capacidade que ela teria de se dirigir a mim e ter razão em fazê-lo. Teria de lhe dizer que é uma barreira que impede que se viole o próximo.
Por fim, diria que se podia resumir tudo numa frase: liberade é a capacidade a agir e ficar impávido, é querer e não fazer, é fazer sem querer.


Nota: Voltei aos motivos que deram nome ao blog: São umas orgulhosas 2:13 da manhã, e acabei a escrita deste amontoado (sem qualidade) de letras.
Este post vem numa linha de raciocinio iniciada pelo colega António, grande pensador. Será que algum dia se poderá afirmar que o conceito dogmático de liberdade existe?

Friday, February 10, 2006

Por uma Liberdade Condicionada

Quem, como eu, teve uma infância feliz, teve oportunidade, entre outras coisas, de assistir aos filmes da Disney, sabe ao que me vou referir.
Numa adaptação feliz, a produtora de que vos falo criou o Aladino. Quem não se lembra? Desde a princesa Jasmin, passando pelo Macaco, o Papagaio, o próprio Aladino e, por fim, a personagem chave: o Génio.
Como no conto tradicional, o Aladino podia pedir tudo, com excepção de uma coisa, muito específica...sabem?
É simples: o Gènio não podia fazer com que uma pessoa se apaixonasse por outra.
Eu acho que está aí (correndo o risco de ser escarnecido por todo e qualquer leitor deste espaço) uma metáfora da vida.
É que podemos ter tudo o que desejamos. Eu sei que é dificil, mas também foi dificil ao heroi da história ganhar aquela lâmpada. Mas obteve-a. Isso é certo.
Somos livres para trabalhar, perseguir o nosso objectivo, fazer dos nossos sonhos realidade. O poder é nosso.
Há, contudo, um sitio onde a liberdade não chega. Refiro-me aos sentimentos. Não os podemos condicionar. Mais curioso: não condicionamos os nossos, nem os dos outros.
Nem o Génio pode fazer nascer a paixão. Ela não é um Direito potestativo que qualquer proposta ou convite a contratar possam fazer nascer na esfera do destinatário.
Extingue-se, portanto,a liberdade. É que se somos livres de amar, somos privados de condicionar o amor de outrém.
Nada nem ninguém consegue construir uma relação com base numa só vontade.
Para sempre, o que um não quer, dois não fazem.

Wednesday, February 08, 2006

OPA

A Gerência deste blog gostava de dizer tão e somente isto: Bom era adivinhar que o Belmiro ia tentar a compra da PT... A esta hora, se tivesse acções da PT, era feliz, ai tão feliz que eu era.
Mas isto é tudo o mundo dos "ses": "Se eu soubesse", Se eu tivesse".
Enfim, conversa de teso.
OPA é a novela do momento, os morangos que se cuidem.
Há mortos, feridos, ricos, pobres, só não há romance...Mas isso tem assim tanto interesse?
Enjoy the moment, comprem no continente, comprem telelés da optimus, usem netcabo e, já agora, telefonem pela rede fixa. Quem sabe, um dia, o dono não será o mesmo.

Tuesday, February 07, 2006

Imperialismo Mental

Sabe-se, a priori, que o Homem é um animal político. Quem o disse não fui eu, não chego aos calcanhares de semelhante personalidade.
Convém, porém, adicionar algo: é que para além de animal político, o Homem é um animal guerreiro, sedendo de espaço, mais ainda, de conquista, pela guerra, pelo confronto, seja ele de que espécie for.
Quando digo que é indiferente a espécie de confronto, é num sentido simples: não é só pela força física que o Homem impõe a sua vontade.
A proêminencia do intelecto é uma via, deveras, poderosa.
Tal ocorre no quotidiano. No quotidiano podemos sentir o que vos transmito, em muitos aspectos comezinhos:
O exemplo, por excelência, ocorre na vida académica: Quantas e quantas vezes não somos espezinhados pelo conhecimento superior? Quantas e quantas vezes não somos humilhados pelo individuo que tirou, num teste, uma classificação brilhante?
Não que isso seja errado, não o é. A natureza dita esse comportamento.
Para além disto, há um aspecto que é, particularmente, preocupante: Há uma restrição quando queremos ser nós mesmos.
Há uma força exterior que nos compele a ser autómatos, a sermos ninguém, mais uma unidade, sem valor.
O ser-humano está condenado, quando num estado de inferioridade, a não ter acção própria. Está condenado ser permanentemente influênciado, por outros, por fora.
Não somos o que queremos, somos o que fazem de nós.
Num volte face, poderemos deixar de ser párias, para assumir o papel modelador.
Poderemos ser nós senhores do Destino.

Monday, February 06, 2006

As Contra-Filosofias

Meus caros, quem disse que o "Homem nasce puro, é a sociedade que o corrompe?" Eu sei. Sei uma coisa pior ainda: Estava irremediávelmente errado.
Eu apenas, face à minha pequenês mental e intelectual, posso responder com uma pergunta: O que é a sociedade senão um amontoado, um conjunto de Homens?
A ser verdade esta teoria, teria que haver uma ovelha ronhosa. Um elemento contra-natura, que servisse para deitar por terra o que é dito. Ao que se vê, a teoria não precogniza esse elemento.
O que proponho é o diametralmente oposto: Não há um único ser-humano que sirva os propósitos que a humanidade necessita. Todos nascem impíos. Acidentalmente, nasce uma espécie de Deus ex Humano. Um Cristo exemplar. Alguém que tem a excepcional habilidade de ser integro, razoável e justo.
Felizmente, a Humanidade não está tão mal como poderei estar a pintar. Assistimos frequentemente ao nacimento e emergência destes exemplares. Finalmente, é em momentos de ruptura que se fazem sentir.
Não vale a pena é, porém, cair no engano. Raras são as almas que possuem esta força nata.
Ao leitor, não querendo parecer mesquinho, é conveniente procurar dentro de si se é assim. Porque uma coisa é certa: se não se nasce diferente, é-se, portanto, igual a todos, com tudo o que isso possa significar.
Mas, por outro lado, nunca é tarde para emendar a mão.
É da reforma interna que se processam as mudanças palpáveis a que assistimos, quando o mundo muda, sempre para melhor.

Friday, February 03, 2006

De Amictitia Disputo

É conhecido, dos meus leitores, o meu especial gosto por falar de amizade. Já tenho escrito posts acerca do assunto.
Hoje, todavia, quero interrogar-me/vos acerca de uma coisa simples: e quando se acaba a amizade? Será que acaba? É infinita?
"A posição da regência" do blog é que esse sentimento se extingue, como uma chama exposta à àgua.
Quando nos encontramos encerrados numa esfera incognoscível, mas existente, é natural o choque com a esfera de outrem. Em seguimento desta ideia, tudo tem um limite. Esse limite vai ficando mais perto de se atingir quando são postas à prova as sensações e a capacidade de resistência que cada ser tem.
Inevitavelmente, depois de muito atrito, muita fricção, acabar-se-á por se assistir ao romper gratuido de uma esfera.
Atingido esse cume, não há amizade que resista.
É o confronto, é a animosidade.
Porém, pode haver amizades longas. Tal realidade não é dificil de alcançar. Basta respeito, basta camaradagem.
Recentemente chamei amigo a um alguém...de imediato arrependi-me. Ocupou-se de mim um sentimento anacrónico. É obvio que a minha amizade por esse alguém está extinta.
Bem me custa.
Gente sem Amor à Sanidade Mental