Monday, June 27, 2005

O Mundo e o Sub-Mundo

Antes de iniciar qualquer comentário, quero salientar que a ausência de posts, neste blog, se deve ao uma época, qual praga, que afecta todos aqueles que estudam: os exames. Agora, que tenho uma pausa, cá volto.
Muito se reporta acerca dos "chats", quais os seus problemas, no que é que podem ser úteis, mas, sobretudo, no que é que diferem do, famoso, MSN Messenger.
A resposta a esta última pergunta é: em tudo.
De facto, ao contemplarmos o MSN, sabemos que, daquele "cardápio" de contactos, temos conhecidos, amigos, familia, entre outros. Sabemos que podemos confiar naquele núcleo, é "certo" e genuino. Mais simples: de quem não gostamos, fácil se torna exlcuir tal pessoa.
Mas, a mim, enquanto pseudo-pensante, preocupam-me ideologias, maneiras de pensar e, sobretudo, formas de exibir e mostrar essas linhas de raciocínio.
Compete-me dizer, caros leitores e leitoras, que o chat, o Mirc, está em clara desvantagem.
Tornam-se comuns as manifestações de extrema-direita, como se os canais onde se efectuam as conversações fossem o palanque que os oradores precisavam.
Espalha-se a propaganda, tentam-se convencer as mais indefesas pessoas de que o regime não presta e que se precisa de mais autoridade, menos estado, menos esquerda e mais direita.
Pelo meu simples blog, é-me dificil expressar o que leio.
As linhas mestras giram em torno do racismo, enquanto solução para o fim da criminalidade, um saudosismo dos tempos da ditadura, onde a repressão "e que era", uma defesa, infundada da monarquia, enquanto solução dogmática para os males do mundo...
Mas tudo, tudo, sem fundamente...
A ideologia já nem se explica...
É degradante perceber ao que se chegou.
As salas de conversação são autênticos bordeis ideológicos, onde cada rameira política vende o seu peixe.
Pensar-se-á que o debate ganha...mentira: não há debate, há confronto, verbalmente violento.
Não há respeito, há uma guerra na extremidade da linha.
Por mim, cada vez mais me sinto longe destes antros...

Thursday, June 16, 2005

Que bom seria...

Que clima estranho vive o País, agora que estamos á dimensão do Brasil, no que toca a assaltos.
Primeiro, um "arrastão" na praia de carcavelos, acontecimento ao qual me referi no anterior post, e depois, de volta á carga, mais funestos acontecimentos abarcam a localidade de Quarteira, no Algarve, como uma zona, já, problemática. Para não referir o pânico que se vive diariamente nos comboios da Cp, na linha de Sintra.
Há uma parte de cada um de nós que deseja o pior a qualquer destes individuos. Desde as mais pérfidas torturas, até á morte mais horrenda.
Não vou dizer que é ilegítimo.
Acontece que, não será de louvar a "queda" neste tipo de sentimentos.
Há que assumir uma postura de confiança e perceber que não se pode culpabilizar todo um povo, ou certas e determinadas etnicas dos males do mundo.
O País está, hoje, dividido.
Dividido em várias partes, cada uma pugnando por "pretensa" justiça.
"Skins" organizam manifestações.
O velho portugues quer a justiça.
A juntar a isto, fomenta-se uma guerra virtual. Vide blog www.irmandadenegra.blogspot.com.
Manobra subversiva? Autenticidade? Não, sei, tenho opinião, mas não sei.
Há que acabar, em boa hora, com tudo.
A causa racial não pode sobreviver. É tempo de perceber que o crime não tem cor de pele.
É tempo de interiorizar que é a miséria, a fome e o desprezo que a sociedade "oferece" são os grandes criminosos do século XXI.
Espermos que passe...

Tuesday, June 14, 2005

Aos Poucos

Há semanas que são negras. Curiosamente, este "negro", tem um duplo sentido, deveras, original.
Desde Quinta-Feira, até ao dia em que vos deixo este post, terça, passaram-se coisas no nosso país. Falo de acontecimentos, de factos, de eventos que, se bem reflectirmos neles, podem significar uma mudança de curso, o virar de página que está para acontecer há tanto, tanto tempo...
Tudo começa na praia de carcavelos. A minha angustia e revolta não pode ser exprimida por palavras. Quem acompanha a realidade e actualidade nacional saberá a que me refiro.
É preocupante, não só o que foi levado a cabo pelos vários "gangs" que, reunindo-se, originaram assaltos, insegurança e medo, mas também o impacto que algumas crianças deseducadas podem provocar aos olhos de um país como o nosso que procura soluções fáceis para problemas dificeis. Estou a referir-me á questão da imigração. Actos como este podem significar, e de forma grave, a exclusão social, de forma ainda mais profunda, de algumas raças e etnias que, bem vistas as coisas, poderão nunca ter a ver nada com o que sucedeu.
É um "pau de dois bicos": por um lado queremos suprimir aqueles que nos ofendem, por outro não nos podemos esquecer que imigrantes também são pessoas, merecem as mesmas oportunidades e o mesmo respeito.
Outra conclusão a reter é que o nosso país, cada vez mais, se assemelha com o 3º mundo sul-americano ou asiático. Assaltos em catadupa, insegurança ao virar da esquina...
Assim nasce a extrema direita: no medo, na vontade de resolver problemas a todo o custo, sem olhar a meios.
Tudo isto é perigoso. Em todos os sentidos.
Porém, não se esgota aqui o assunto.
A semana, para além destes "eventos", trouxe a perda de 3 individualidades que alguma(muita) coisa) ofertaram ao nosso país. Refiro-me a Vasco Gonçalves, Eugénio de Andrade e Álvaro Cunhal.
O menos consensual seria Vasco Gonçalves. Surge num periodo dificil, de grande agitação. Por outro lado, foi oficial no processo revolucionário e diz-se que, no seu governo, muito se ajudou a classe operária.
Eugénio de Andrade dispensa epitetos ou elogios de alguma ordem. O seu precurso fala por si. A sua obra poética é do tamanho do mundo.
Por fim, Álvaro Cunhal. Não se sabe muito sobre ele, sobre a sua vida privada. Há, porém, uma certeza: era um homem da política e da cultura. Tem obra publicada, e os seus desenhos são de uma qualidade incrível.
É o século XX a morrer. A herança é a praia de carcavelos...

Thursday, June 02, 2005

De volta

No meio de referendos internacionais com resposta negativa, voltam os Portugueses a olhar para dentro, para o seu país.
Isto significa algo muito simples: começa, agora, a haver uma consciêncialização das dificuldades económicas pelas quais o Estado passa. Começa a sentir-se na pele a dura realidade que é ser luso.
Ora bem, eu, sendo Português, que o sou, efectivamente, também inicío este precurso que leva á atenção e percepção das dificuldades. Nomeadamente, acho, até, que se está a regredir.
Em quê?
Simples: Quando quem paga uma crise é a classe média, perdendo poder de compra, não atingindo a satisfação pessoal e olhando para um País que permite a fuga descarada aos impostos, que, se fossem pagos, diminuiriam, em grande número, os sacrifícios.
O País está a saque.
Indubitavelmente, é esta a triste verdade
Não sou radical, olhai aos factos.
Ontem, num encontro que juntou alguns empresários, Belmiro de Azevedo, conhecido capitalsta português, interviu, diga-se, de forma bizarra, e até preocupante. São suas as seguintes frases:
"Hoje em dia, os professores têm um papel deseducador". Há mais: "Os pais pensam que nas escolas os seus filhos são educados, mas enganam-se, são é deseducados". Lamentavelmente, não se ficou por aqui: "O que são direitos adquiridos? Não há direitos adquiridos, nem o emprego é um direito adquirido".
Completa que fica a citação, resta-me, apenas, levantar algumas questões:
I- Tem, este homem, filhos?
II- Se tiver, terão eles sido "deseducados?"
III- Então, o que se faz aos professores?
IV- Que autoridade e força terá alguém para dizer que não direitos adquiridos?
V- Que fazer a alguém que diz que algo que está escrito na CRP, não é verdade? Não é um direito adquirido o emprego?

O quadro é este: a fortuna está mal distribuida.De um lado temos um povo que tem fome, aperta o cinto e cala. Por outro, o patronato, que esmaga com os dois pés as forças produtivas e intelectuais que o país tem ao seu dispôr. Abate tudo e todos que se atravessam o seu caminho.
Temos economistas que tratam a administração pública como lixo humano, referem-se a ela como o "monstro" e esquecem-se na vida que há por trás. Temos um povo que, é desrespeitado, pisado, humilhado. Um povo que perde direitos, perde regalias e, pior que tudo, perde a voz. É um povo mudo, um povo que apenas ouve...
Desta maneira, à semelhança de situações históricas, é bem possível que se entre num proceso revolucionário, onde, tanto a esquerda, como a direita, lutem por uma ditadura de interesses.
Ou o povo se farta desta situação lhe põe um fim, ou será o erguer de uma ditadura, próxima da salazarista, onde o ser-humano é aquele que tem capital, o resto é massa produtiva.
É bem possível que se verifique.
Gente sem Amor à Sanidade Mental